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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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e Gustavo Barroso estariam incluídos. Contudo, é bom lembrar que o totalitarismo de Gustavo<br />

Barroso é muito diferente do de Plínio. Ele está todo armado a partir de um argumento antisemita,<br />

enquanto que, na obra de Plínio, este argumento não se faz presente. Ao contrário, nela há<br />

um elogio da miscigenação. Ele opera a partir do projeto de uma revolução espiritual, e interior,<br />

que reunisse forças para uniformizar todos os homens. Enquanto que em Gustavo Barroso, como<br />

o argumento anti-semita prevalece, a própria noção de Revolução Espiritual muda de sentido e<br />

adquire, do ponto de vista dele, um caráter muito mais defensivo e vigilante, transformando-se<br />

em um imenso esforço para detectar e excluir os judeus, identificados como os maiores inimigos<br />

da homogeneização almejada pelo Integralismo. Assim, repito, o conceito de totalitarismo é<br />

plástico o suficiente para se apresentar de forma distinta em cada um dos dois autores<br />

examinados. Agora, vejam que houve um determinado momento em que eu dava aulas de<br />

História Antiga e Medieval na PUC, fazia uma dissertação sobre futebol e estava envolvido com<br />

uma pesquisa sobre pensamento integralista, da qual resultou o meu livro sobre o Plínio Salgado.<br />

Desse modo, 1978 e 79 foram realmente anos muito animados. Foi a primeira vez que tive uma<br />

estafa, passei mal no meio de uma entrevista, em 78, no Estádio do América. Fui atendido pelo<br />

departamento médico do clube. Foi um susto e aí percebi que estava exagerando! Eu fazia três<br />

coisas diferentes. Depois fui me acostumando a isto, e continuei fazendo três, quatro coisas ao<br />

mesmo tempo. Não posso , de fato, dizer que tenha tomado juízo.<br />

Você defendeu a dissertação em 80. Você já estava no Iuperj?<br />

Não! Neste período eu continuava trabalhando na Puc e no CPDOC, lidando com pensamento<br />

social brasileiro e sempre muito preocupado em realizar uma análise do ponto de vista<br />

antropológico, priorizando as categorias internas ao discurso, preocupação que hoje em dia, no<br />

campo da história das idéias, costuma ser chamada de internalista. A proposta que o Iuperj me<br />

fez, em 1987, foi a de continuar o trabalho de pesquisa em torno do pensamento social brasileiro<br />

e incorporar-me à docência na Área de Sociologia. Até meados dos anos 80, como já disse,<br />

continuei envolvido com aquela pesquisa sobre o Integralismo, que na época me parecia bastante<br />

ambiciosa, pois pretendia comparar as obras de Plínio Salgado, Miguel Reale e Gustavo Barroso.<br />

Acabei fazendo um texto sobre cada um deles, mas o do Plínio ficou maior e acabou sendo<br />

publicado independentemente, na forma de livro. O sobre Gustavo Barroso eu nunca publiquei.<br />

Depois vim a orientar a dissertação de mestrado do Marcos Chor, que analisou justamente a<br />

versão que ele produziu da doutrina integralista. Já o texto sobre Reale ficou sem divulgação,<br />

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