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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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É. E o tradicional, aquele que é propriamente do conservadorismo, não é sempre o que não<br />

convive com o desenvolvimento da sociedade moderna. Os ingleses, Thompson, mesmo<br />

Hobsbawm, mostram que na sociedade moderna o que tem de melhor em termos<br />

humanísticos veio com a sociedade tradicional. É o caso dos direitos sociais, que vieram da<br />

escola de artes e ofícios. Então, são elementos que não podemos descartar.<br />

Lefebvre se afastaria daquilo que se define como a escola sociológica francesa da defesa<br />

da racionalidade...<br />

Com certeza ele se afasta. O Lefèbvre é um sujeito aberto a não emitir julgamentos<br />

classificatórios. Ele sempre diz não trabalhar com conceitos mas com noções. Os conceitos<br />

são fechados, noções são abertas. Evita colocar rótulos, classificações, tomando decisões, a<br />

partir de conceitos fechados pois estes pré-definem uma modalidade de explicações. É um<br />

autor aberto à compreensão das coisas, à via irracional...Existe um livro dele, a<br />

Metafilosofia muito interessante, em que ele faz uma tabela onde coloca lado a lado estas<br />

polarizações. Aí, acontece uma coisa interessante: a razão e a religião. A religião aparece<br />

positivamente como algo que tem mais abrangência do que a razão. Todo o irracional está<br />

contido nela, as emoções, etc.É a história da totalidade aberta que ele fala. Tem sentido,<br />

mas, não tem direção.<br />

O senhor disse ser de origem Protestante. O senhor é cristão?<br />

Carlos Rodrigues Brandão, que é de tradição católica Tem uma expressão que eu assum:<br />

“nós que vivemos no limiar da fé.” Para mim é basicamente isto. Eu tive uma formação<br />

católica. Minha família é católica de origem, mas, minha mãe se converteu ao Calvinismo,<br />

tornou-se presbiteriana, e nesta época eu era adolescente e a acompanhei. Eu fui um<br />

membro ativo da Igreja. Foi importante para mim porque era uma Igreja de intelectuais,<br />

apesar de estar em um subúrbio operário. Os pastores eram escritores, jornalistas etc. Isto<br />

funcionava como uma universidade. Ia toda semana à igreja. Várias vezes na semana<br />

acabava ouvindo conferências eruditas. Um dos pastores da igreja, que, aliás, morreu muito<br />

jovem, foi autor do único romance operário que existe em São Paulo. Ele se chama Paulo<br />

Licio Rizzo. Escreveu um romance premiado em um concurso, que se chama Pedro<br />

Maneta. E se passa no Brás, em 1924, que era uma região que ele conhecia bem. Ele foi<br />

pastor lá. Ele morreu em 42, 43, por aí.<br />

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