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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Como você vê hoje a produção da Sociologia no Brasil? Acha que ela perdeu o ímpeto<br />

inicial que tinha na época do Florestan. E aquela pretensão totalizadora que os clássicos<br />

atribuíam a ela, você acha que ainda tem alguma efervescência ou entrou em declínio?<br />

Embora se tenha uma produção sociológica considerável, diversificada, tenho a impressão<br />

de que hoje há uma especialização bastante grande, a exploração de nichos muito definidos.<br />

Não há mais o desenvolvimento da Sociologia naquele estilo de apreensão dos processos<br />

globais. Não sei se é inevitável, mas, eu preferiria que fosse diferente. A tendência é a<br />

concentração no trabalho especializado e a perda de vista da conexão entre as parte<br />

especializadas no conjunto. A concepção do desenvolvimento da sociedade como uma<br />

ordem global se diferenciando conflitivamente, parece que isto saiu do horizonte. Em<br />

parte, acontece no mundo inteiro. Claro que não era só o Florestan Fernandes que tinha essa<br />

pretensão. Havia outros autores, historiadores, membros do Partido Comunista que<br />

tentavam apanhar globalmente o Brasil. Tenho a impressão de que isto foi desaparecendo.<br />

Um trabalho como o do Florestan, A Revolução Burguesa no Brasil, foi, de fato, a última<br />

expressão deste tipo de abordagem. Mesmo eu que tento fazer uma Sociologia Política,<br />

fico na análise ainda parcial. Não consegui apanhar a dinâmica das partes, pegar um<br />

elemento qualquer que dê sentido e organiza o conjunto. Tive a pretensão de incorporar a<br />

dimensão institucional à dimensão simbólica, que eram menos enfatizadas. É claro que é<br />

uma visão global, mas, mesmo meu trabalho não toma plenamente a dinâmica do que o<br />

Florestan chamava de ordem competitiva e suas transformações.<br />

Quem você acha que chega perto desta visão mais ampla.<br />

Várias pessoas que fazem Sociologia Política tentam desenvolver uma análise mais ampla,<br />

como a Lourdes Sola, o Sebastião Velasco Cruz .<br />

Em termos de análises totalizadoras, você acha que o Florestan foi o autor mais<br />

importante no Brasil?<br />

Ele tinha discípulos que também pensaram de forma mais ampla. Octávio Ianni tem um<br />

livro Estado e Capitalismo que foi muito inovador para a época em que foi escrito, em<br />

1964, dentro daquele estilo de Sociologia Política. Claro, não com o fôlego de Raimundo<br />

Faoro, em Os donos do poder.<br />

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