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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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nada a dizer. Então, é um quadro muito complicado. E por outro lado, temos tido refúgio<br />

nas religiões. A religião é fascinante, qualquer que ela seja, porque ela nos põe em contato<br />

com esta dimensão perdida. Eu sou de origem protestante, na verdade. Então, de uma igreja<br />

que está muito mais perto de Weber do que do Pe. Guttierrez que eu conheço pessoalmente,<br />

e que também esteve na cátedra Simon Bolívar, mas, acho que o que há de fascinante, nas<br />

igrejas todas, é, justamente, esta resistência em torno de certos valores do romantismo do<br />

Século XIX, que preservam uma certa dimensão da condição humana que não se encontra<br />

em mais nenhum lugar.<br />

Ela resiste? Ou vai à direção do romantismo?<br />

Não. Ela vai à direção do romantismo. Ela resiste a esta coisificação, a esta dilaceração. É<br />

uma resistência tremenda, porque ela é tremendamente reacionária, conservadora, mesmo<br />

quando parece progressista. Vemos isto agora no comportamento da Igreja no Brasil, em<br />

relação ao governo Lula. Quer dizer, esta associação entre esquerda e o PT, quer dizer entre<br />

esquerda e Igreja, ela está dando frutos muito interessantes. Porque, de um lado, chegaram<br />

ao limite. Dificilmente, vão continuar caminhando juntos. E o grande problema é que, de<br />

fato, o PT não é um partido de esquerda. Ele é um partido popular, social. Até menos que<br />

social-democrata. Ele é um partido popular, talvez, lembre o Partido Popular italiano diante<br />

do fascismo, que é a origem da Democracia Cristã, diferente da Democracia Cristã que nós<br />

conhecemos aqui. Por outro lado, o PT não desenvolveu uma utopia Socialista. Ele não tem<br />

uma utopia socialista. O Socialismo para ele é uma palavra, ele é fruto da modernidade. O<br />

Lula já três vezes declarou, eu não sou socialista. Eu sou um líder sindical. O maior dos<br />

socialistas, segundo a pregação divina, não é socialista? Que história é esta?<br />

Provavelmente, não é mesmo. É um burocrata sindical. Por outro lado, a Igreja se aferrou a<br />

sua origem romântica mais recente, a idéia da pessoa como referência, estas coisas que vêm<br />

lá Revista Esprit, que está na Teologia da Libertação, e ela não consegue politizar esta<br />

visão. Não consegue escapar da armadilha de uma totalidade libertadora que não liberta<br />

mais. Porque não tem abertura para a história, a história para eles é um retrocesso. O Frei<br />

Beto declarou, há 15 dias atrás, para justificar o MST, eu quero dizer a vocês que não tenho<br />

a menor simpatia por ele e vocês estão gravando aqui. Acho que é um sujeito muito<br />

arrogante, vaidoso e que prejudica um pouco a missão dele. Declarou, há alguns dias, que<br />

se justificam as invasões do MST para fazer uma nova reforma agrária. Porque com a<br />

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