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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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questão do possível que é clássica no pensamento de esquerda foi totalmente abandonada.<br />

Age-se a partir de uma circunstância que nos permite fazer história. A escola sociológica da<br />

USP atuava em cima do possível. Peguem o que o Florestan escreveu. Com todas as<br />

diferenças enormes que havia entre ele, o FHC, Ianni e Marialice, leiam todos os trabalhos<br />

vamos ver que há um eixo, que é o limite do possível. E era um possível sensato, essa era a<br />

verdade.<br />

Qual era o possível sensato?<br />

O possível sensato era pensarmos o desenvolvimento capitalista no Brasil como um passo à<br />

frente e não como um passo atrás. Não pensar de uma maneira atomizada, exportadora de<br />

produtos tropicais de sobremesa. Uma coisa importante que havia neles, e, este é um fato<br />

importante por estarem instalados em uma escola pública, a absorção dos novos setores<br />

sociais que vinham em um processo de ascensão do getulismo, os filhos da classe operária.<br />

Na minha turma apareceram os primeiros negros na Universidade. Então, havia um<br />

reconhecimento da importância desta chegada do povo à Universidade. Aliás, o Levi Straus<br />

já havia percebido isto. Nos Tristes Trópicos, ele faz referência ao que assustou as elites.<br />

De repente, os negros, o funcionário público lá do interior, chegando à Universidade. Antes<br />

a elite assistia aula em francês aqui na Universidade. Então, o possível estava delineado,<br />

digamos, pela circunstância histórica. O que é a Sociologia? A Sociologia é a Ciência que<br />

reflete sobre este possível. Você tem de identificar. O que é que dá para fazer? Educação.<br />

Dá para fazer escola pública, todo mundo ser educado. A idéia geral é a emancipação do ser<br />

humano. De todo tipo de vínculo, carência e necessidade, educação emancipa. Não é a<br />

emancipação definitiva, mas, é melhor ir para a escola do que não ir. É melhor ir para a<br />

universidade do que não ir. Melhor ter uma formação profissional de cunho humanístico<br />

do que não ter nenhuma, e por aí vamos.<br />

Na escola da USP a visão sobre o projeto da modernidade tem a questão da emancipação<br />

como central, não é? Então, a Sociologia teria a função de lembrar que os elementos<br />

tradicionais também compõem o processo.<br />

Sim, é a emancipação, claro, e que o tradicional faz parte do moderno. Isto aparece nos<br />

trabalhos do Florestan, do Fernando Henrique. Eu estava revendo agora um dos seus<br />

escritos para fazer um artigo que terminei hoje, é exatamente isto. No Ianni isto aparece<br />

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