18.04.2013 Views

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Nem Gilberto Freyre.<br />

Tudo tem a ver com o declínio. Esta é uma experiência brasileira. Além disso fui tentando<br />

selecionar na tese o que eu achava que tinha a ver com a estrutura social, com a sociedade<br />

nacional , ou seja, o que dá tensão nesta estrutura social. No Brasil não tem tensão<br />

operariado e empresariado. Eu acho que a tensão na sociedade brasileira passa pelas<br />

corporações, pela burocracia pública, pelos militares. Até para entendermos como é que<br />

não se conseguiu destruir a universidade pública no Brasil. O governo Fernando Henrique<br />

tentou. Não conseguiu porque há proteção burocrática, corporativa. A classe central da vida<br />

política brasileira são as corporações, o Judiciário, e é por aí que passa a tensão da vida<br />

brasileira. Se alguém quiser me dizer qual é a classe que dá uma direção para a tensão da<br />

estrutura social, acho que são as burocracias. A minha resposta a Marrant, foi então esta: eu<br />

estou lhe dando exemplos de como a experiência histórica brasileira não bate com a<br />

européia. Não adiante impor ao material brasileiro as tensões da vida européia porque não<br />

aconteceram. Eu sempre gostei muito deste trabalho. Muita gente acha que aquilo não faz o<br />

menor sentido. Mas, eu acho que faz.<br />

Você está querendo dizer que é uma sociedade estamental e que por isso não existe uma<br />

relação polarizada entre classe dominante e classe dominada?.<br />

Exatamente. Eu disse ao Marrant(??) na defesa, que a elite brasileira não é a elite francesa.<br />

Não dá para transpor isto. A vida intelectual e artística tão pouco pode ser igual. O material<br />

obriga-nos a irmos para outra direção.<br />

Vou fazer uma provocação. Você fez uma proposta metodológica que tem, inegavelmente<br />

originalidade, mas que tem sentido quando aplicada ao passado da sociedade brasileira.<br />

Acho que esse aspecto não é percebido necessariamente por seus orientandos que a têm<br />

aplicado indiscriminadamente a todas as análises sobre a questão dos intelectuais no<br />

Brasil.<br />

Nunca tinha pensado nisto, mas, talvez tenha razão. Um orientando meu, Luiz Fernando<br />

Franklin de Matos, que lançou agora um livro sobre os romances do Diderot - sua<br />

especialidade é o século XVIII francês, sempre me disse: “ Orientando é clone”. O aluno já<br />

vai te procurar para orientá-lo porque leu, algum trabalho seu e gostou. O que me<br />

impressiona mais é como estas teses vão se rotinizando na media. Você viu este Caderno da<br />

223

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!