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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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ENTREVISTA <strong>SOCIÓLOGOS</strong><br />

José Vicente Tavares<br />

Comece falando sobre sua trajetória de carreira e sua escolha do curso de Ciências<br />

Sociais.<br />

Na realidade, eu tinha um destino familiar que era a Faculdade de Direito. Meu pai era<br />

advogado e havia uma expectativa da família que eu fizesse Direito. O interesse pelas<br />

Ciências Sociais começou quando comecei a me envolver na política estudantil. Eu tinha 15<br />

anos, em 1964, e vivia em Porto Alegre. Na realidade, eu freqüentei o grêmio estudantil, no<br />

maior colégio estadual de Porto Alegre, no qual se formou toda uma elite política. É o<br />

colégio Júlio de Castilhos, dos Jesuítas. Ele tinha cinco mil alunos. Entrei para o grêmio<br />

estudantil, como secretário de expediente, fui secretário social e cheguei a secretário geral<br />

do Grêmio. Eu aí, já estava no segundo clássico. Fui expulso do Colégio, porque fizemos<br />

um jornal contra o diretor, chamando-o de autoritário e invadimos o colégio para distribuir<br />

o jornal. Na verdade, não foi diretamente uma expulsão. Foi mais ou menos uma cassação<br />

branca, não renovaram a matrícula no ano seguinte. A estas alturas, com 17 anos, comecei a<br />

trabalhar. Era auxiliar de escritório e fui para um colégio municipal, onde fiz o terceiro<br />

clássico noturno. No segundo semestre daquele ano, em 1966, fiz vestibular. Esta vida no<br />

grêmio estudantil me despertou para a questão social. Meu pai fez a Revolução de 1932, no<br />

Rio Grande do Sul, foi preso durante dois anos. Minha mãe, até morrer, recebeu pensão do<br />

governo do Estado de São Paulo. Então eu tinha esta história de militância política na<br />

família. Lembro-me de meu pai contando estas histórias. Eu sempre li muito e comecei a<br />

me envolver com a questão social. Com o golpe de 64, o grêmio era muito visado, sofreu a<br />

intervenção de um coronel que assumiu lá. Era uma fábrica de discussões de toda uma<br />

geração política. Eu me lembro que um dia fui à Faculdade de Filosofia e perguntei a<br />

alguém, que depois veio a ser um grande amigo meu, o que era Ciências Sociais. Na<br />

realidade, como havia a pressão familiar, fiz os dois vestibulares. Naquele tempo ainda não<br />

era unificado. Passei muito bem: em sexto lugar na Faculdade de Direito e em quarto lugar<br />

no curso de Ciências Sociais. Comecei a fazer os dois cursos. Entrei para o Grêmio<br />

Estudantil da Faculdade de Direito e dois meses depois eu já estava organizando uma<br />

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