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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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tratava de temas muito próximos aos sociólogos. O pessoal dos anos 50, 60 e 70 cita muito<br />

um ao outro, e sempre surgia nas discussões uma visão totalizadora. Tenho a impressão de<br />

que a Sociologia não é, no sentido de Comte, uma espécie de coroamento das Ciências<br />

Sociais. Há uma tendência de considerar que as várias formações diferenciam um pouco as<br />

Ciências Sociais. Estas formações é que levam seus cultores - sociólogos, economistas,<br />

antropólogos - à tentativa de uma visão totalizadora. Esta tendência é muito clara no<br />

marxismo que busca teorias mais gerais. Weber também pretende ter uma teoria<br />

totalizadora, distinta da de Marx. Lembro-me muito da introdução do W. Mills, sobre<br />

Weber em Ensaios de Sociologia, onde mostra o que há de totalizador no Weber. Inclusive<br />

coloca-o em um diálogo muito claro com Marx.<br />

Quer dizer que você concorda com a idéia de que a Sociologia tinha esta presença<br />

totalizadora?<br />

Tem méritos e deméritos. Acho que a minha geração ou algumas mais jovens representam<br />

o fim desta tendência. Pode-se colocar em termos de generalização versus especialização. O<br />

defeito era justamente não saber nada muito a fundo. Não tinha uma Sociologia da Família<br />

que explorasse minúcias, descrição de processos de transformação como há hoje.<br />

Aqui no Brasil, você não acha que esta excessiva especialização coincide com o<br />

desenvolvimento dos cursos de pós-graduação?<br />

Nunca tinha pensado nisto. Eu acho que tem algo a ver e que levaria a esta especialização,<br />

mas, gostaria de frisar que isto não é só defeito. A primeira reação que um sujeito mais<br />

generalizador tem é de dizer, está empobrecendo. Acho que podem ocorrer as duas coisas:<br />

empobrecer, mas, também enriquecer. Pense nas enormes transformações estruturais,<br />

globais do Brasil. Estão mudando os padrões gerais da sociedade ao passar para uma<br />

sociedade urbano-industrial. Era mais comum definir este processo como de penetração do<br />

capitalismo. Toda a discussão sobre formas pré-capitalistas foi muito forte. Basta lembrar<br />

que André Gunder Frank foi contra isto. Ele se contrapunha à idéia de que havia uma era<br />

pré-capitalista. Aí começaram a falar mais em um aprofundamento do capitalismo. Caio<br />

Prado Júnior, muito antes do livro Revolução Brasileira de 1966, já tinha a posição de que<br />

desde o período Colonial o Brasil era uma formação capitalista.<br />

R ELATÓRIO DE P ESQUISA Nº 11 /2008

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