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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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E aí você já tinha ligação com o Partido Comunista?<br />

Já. Pertencer ao Partido Comunista para mim, era um projeto de vida. Mas, eu não conhecia<br />

o Partido Comunista, embora na minha rua, no coração da classe média de Ipanema, havia a<br />

base do Partido Comunista ali. Era uma coisa surda, constituída de um barbeiro, um médico<br />

e um engenheiro. Como nós sabíamos? Porque os filhos eram nossos amigos. Eram coisas<br />

que não se falavam. Na casa de um deles, na garagem, havia um tampão que se puxava e<br />

era o esconderijo. Mas, os meninos queriam sentir. A minha entrada para o Partido foi<br />

provocada por mim. Eu fui a um destes homens que morava na minha rua, Milton Lobato,<br />

médico que morreu há pouco. Ele foi do Partido a vida toda – bati na sua porta e disse eu<br />

quero entrar para o Partido. O Partido não me chegou. O senhor não sabia o que fazer<br />

comigo. Ele disse, eu conheço o Leandro Konder.<br />

E a decisão de passar do Direito para as Ciências Sociais?<br />

Eu tive um mal estar danado com o Direito. Começava a levar livros para o meu escritório e<br />

não advogava. Ficava lendo. . Minha exposição ao Centro Popular de Cultura (CPC) foi<br />

decisiva na vida. Fiz parte do ISEB também como estudante regular. Eles tinham cursos<br />

para estudantes..<br />

Você já era advogado?<br />

Estudante e membro do Partido. Mas, o CPC me mostrou um outro mundo, uma outra<br />

possibilidade de intervenção. Já aí pela Cultura. E toda a minha atividade no interior do<br />

Partido me orientou para isto. Organizamos escolas de alfabetização em favelas, grupos de<br />

teatro, sindicato. Foi um momento de ida ao povo mesmo. A Cultura, de 1961 até 1964.<br />

Não foi o golpe que me fez fazer Ciências Sociais, porque eu entrei em Ciências Sociais em<br />

1964, em março, fiz vestibular antes do Golpe. Entrei na Faculdade em 1964 e me formei<br />

em 1967. Já era uma deliberação anterior. Fui aprovado no Vestibular na Universidade<br />

Federal do Rio de Janeiro. Quando entrei houve o custo de uma outra decisão, ter de<br />

estudar em uma Faculdade que havia acabado. Quando entrei, ela tinha acabado. Em 1964<br />

eu tinha 25 para 26 anos. Os meus colegas tinham 18, 19 anos. Eram realmente duas<br />

gerações. Eles já chegam com uma inclinação muito forte para a radicalização, então, eu<br />

vinha de uma outra escola. Todos nós que tínhamos passado pela experiência de 1964,<br />

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