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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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quatro pessoas saíram da escola. Aí fui incorporado. E foi, de fato, um mundo novo para mim.<br />

Era uma escola pública de qualidade. As pessoas tinham esprit de corps por estar estudando ali.<br />

Estudava-se muito literatura inglesa, francesa e brasileira. Os cursos de História eram magníficos.<br />

Aquilo tudo foi extremamente marcante. Um pouco depois, em virtude dos próprios contatos<br />

então desenvolvidos, veio a relação com a política. Naquele período, 67, 68, a escola estava se<br />

envolvendo politicamente. O regime estava cada vez mais fechado, a caminho para o AI5. Desse<br />

modo, no curso colegial, não só tive um contato mais direto com o mundo da cultura erudita,<br />

como paralelamente tive uma certa iniciação na política, na política de extrema esquerda. De<br />

maneira compatível com seu estilo, a escola, quando foi se aproximando da política, passou a<br />

assumir posições de vanguarda. Para mim foi uma mudança de vida muito grande. Fui obrigado a<br />

incorporar, em dois anos, todo este conjunto de novas experiências. Depois, em 70, fiz vestibular<br />

e entrei no curso de história da PUC.<br />

Na sua formação em História quem se destaca como professor, que o tenha levado a pensar as<br />

Ciências Sociais mais amplamente?<br />

Pretendia fazer História, mas, no ciclo básico, tive contato com uma série de disciplinas de<br />

Ciências Sociais, pelas quais fiquei muito interessado, basicamente em Antropologia. Fiquei em<br />

dúvida se entrava de fato no departamento de História, ou se terminava o ano e tentaria entrar no<br />

departamento de Ciências Sociais, me envolvendo com Antropologia. Meu interesse foi-se<br />

definindo aos poucos, queria efetivamente seguir o curso de História, mas estava interessado em<br />

um tipo de História que tivesse relação com a Antropologia, e de maneira mais ampla, com as<br />

Ciências Sociais. Já cheguei no curso de História com a preocupação de reencontrar questões que<br />

tinha visto nos cursos de Antropologia e Sociologia, e eventualmente de Teoria Política . A<br />

maior influência que recebi, na universidade, foi a de Luiz Costa Lima, crítico literário, então<br />

professor no departamento de Ciências Sociais, dando aulas de Antropologia. Ele examinava, na<br />

época, as relações entre estruturalismo e teoria literária, objeto da sua tese de doutorado,<br />

defendida na USP. Uma segunda referência, extremamente importante, foi a de Ilmar Rohloff de<br />

Mattos, que já havia sido meu professor no Colégio de Aplicação. Comecei também a me<br />

relacionar com Francisco Falcon, que, nesta ocasião, já era uma figura de grande destaque na área<br />

de História Moderna e Contemporânea. Trabalhamos juntos, mais tarde, na área de Teoria da<br />

História, que é a área em que trabalho até hoje. Fiquei, desde então, estreitamente vinculado aos<br />

três, sempre neste esforço de tentar encontrar e desenvolver na História uma perspectiva mais<br />

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