18.04.2013 Views

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Estados Unidos foram jogando de maneira a romper as regras, na medida em que elas não<br />

se ajustavam muito ao que a direita religiosa queria. Tenho a impressão de que a conjuntura<br />

da eleição americana é absolutamente crucial para o mundo atual,. Dependendo de quem<br />

ganhar, as coisas mudam nas Nações Unidas, na Aliança Atlântica, e no modo de se<br />

relacionar com os aliados muda. Mas, acho que existe um outro processo de transição<br />

que também está ocorrendo. Em 1987, escrevi, estando nos Estados Unidos, um pequeno<br />

artigo para (?), em que tento analisar o que se produzia, o que as Ciências Sociais<br />

produziam sobre a situação do mundo. Então, havia um conflito de trabalhos que,<br />

basicamente, tomavam como automática a globalização do tipo liberal. Liberalização<br />

global, homogeneização do espaço mundial etc. E tínhamos uns grupos marginais, digamos<br />

do ponto de vista da importância que tinha em termos de difusão que chamava a atenção<br />

para as variedades de capitalismo, as teses referentes ao papel do Estado no controle da<br />

economia. Acho que isto, até 95, 96 teve uma espécie de ápice neoliberal. Era tudo,<br />

desregular investimento, homogeneizar patentes.Tinha-se uma espécie de consenso, parecia<br />

que tudo estava se adaptando naquele sentido. Claro que sabíamos que os asiáticos estavam<br />

resistindo, e que os alemães resistiam, que os franceses também, por causa daquele sistema<br />

de previdência, do ponto de vista do controle estatal. Mas, dominava a idéia de que o<br />

espaço iria se homogeneizar. Acho que, a partir de um certo momento, isto deu uma<br />

estancada. Porque criaram-se instituições como a OMC, e com a retórica liberal, os países<br />

perceberam que este tipo de organização estava produzindo desequilíbrio econômico<br />

mundial, em função das oscilações financeiras brutais. As crises do México, asiática, russa,<br />

brasileira, e depois a da Argentina, essa sucessão de crises, assustou a todos e os países<br />

começaram a ver que o mundo do capital financeiro dominante não é tão benévolo assim.<br />

De vez em quando surgem falhas, em conseqüência, a liquidez encolhe, e todo mundo<br />

sofre. Na segunda metade dos anos 90, temos uma espécie de inflexão no sentido de que o<br />

Brasil demorou a perceber. Hoje se tem uma consciência crescente de que este mundo,<br />

deste jeito, não funciona bem. Só que com a hegemonia, ou melhor, o predomínio de uma<br />

facção mais dura e dogmática nos Estados Unidos que expressa de forma geral a visão de<br />

Wall Street, sisso se contrapõe à reação mundial de contenção deste processo de<br />

liberalização. Tenho a impressão de que não tem alternativa de organização que, ao mesmo<br />

tempo, seja globalizante mas que, ao mesmo tempo, crie uma organização institucional<br />

200

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!