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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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direita revolucionária. Para ser mais preciso, uma direita que operava com uma certa acepção das<br />

noções de liberdade e igualdade que, certamente, eram diferentes daquelas que poderíamos<br />

encontrar na esquerda, mas que não deixavam de operar no plano da cidadania. Em Plínio,<br />

sobretudo, notava-se a afirmação sistemática de um ideal de liberdade, de liberdade positiva, ou<br />

seja, da liberdade como participação permanente na sociedade, durante todas as horas do dia.<br />

Havia, enfim, um ideal de se criar não só um cidadão, como também um militante. E ser um<br />

militante significava viver as vinte e quatro horas como integralista. É por esta razão que livros,<br />

roupas, utensílios domésticos, tudo enfim portava o emblema do Movimento, pois se imaginava<br />

estar participando ativamente da vida pública por intermédio da adesão aos valores integralistas.<br />

Existia também, ao mesmo tempo, uma noção muito peculiar de igualdade, uma igualdade que<br />

importava na mais absoluta uniformidade, visto que todos estariam operando, homogeneamente,<br />

com o mesmo conjunto de valores. Ora, tal raciocínio nos remete a um certo tipo de posição que,<br />

se era diferente da esquerda dos anos trinta, também diferia, em muito, da direita tradicional,<br />

desmobilizante e aristocrática. Nada havia de aristocrático naquela perspectiva, plebéia, que me<br />

pareceu típica do Integralismo e de vários movimentos fascistas europeus. É evidente que o<br />

integralismo aqui não chegou ao poder. E quando se olha para o contexto europeu, é muito<br />

comum percebermos o fato de que a chegada ao poder destes movimentos, às vezes, com uma<br />

proposta tão radical quanto a de uma direita revolucionária, terminou fazendo com que o regime<br />

se tornasse algo muito diverso, bem mais conservador, do que aquilo que era postulado pela<br />

ideologia do movimento.<br />

Pode-se dizer que, em termos metodológicos, você aceita em princípio a discussão feita por<br />

Mannheim a respeito do pensamento conservador, mas você evita partir de cima para baixo, e<br />

busca entender o sentido dos termos e dos vocábulos, da utilização dos termos no interior do<br />

próprio discurso integralista. Em outras palavras, buscando o seu sentido internamente e não<br />

externamente?<br />

Claro! Porque é deste ponto de vista que se torna possível compreender as diferenças entre os<br />

vários autores e discutir o dilema da relação entre História Intelectual, Social e Cultural. É<br />

evidente que o contexto, ou melhor, os diferentes contextos, devem ser considerados como uma<br />

espécie de pano de fundo para a reflexão, mas isto não os converte necessariamente em<br />

condutores do debate intelectual. Por exemplo, o próprio conceito de totalitarismo, dependendo<br />

da maneira como se trabalhe com ele, poderia ser visto como se fosse um contexto no qual Plínio<br />

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