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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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ENTREVISTA <strong>SOCIÓLOGOS</strong><br />

Sérgio Miceli 8<br />

Conte-nos um pouco sobre sua história de vida e percurso intelectual.<br />

Minha mãe era de uma família de imigrantes italianos que se casou com um membro de<br />

família brasileira decadente. O casamento foi muito infeliz. Eles se separaram e se juntaram<br />

umas cinco vezes. Eu sou filho único. Estas duas coisas complicadas fizeram com eu me<br />

aproximasse muito do meu tio, irmão de minha mãe, que, mais ou menos, financiou a<br />

educação de todos os três sobrinhos. Um virou economista, outro matemático e eu<br />

sociólogo. Todas suas irmãs eram casadas com homens muito complicados. E ele ficou<br />

segurando tudo porque se casou tarde. O meu avô, pai de minha mãe e de meu tio, era<br />

empreiteiro de obras, mas, não era empresário. Ele arrebanhava a mão de obra dos italianos<br />

da colônia calabresa no Rio. Conseguiu um patrimônio de casas em Santa Tereza. Quando<br />

meu avô morreu minha avó vivia das rendas destas casas. Criou meu tio que fez Direito.<br />

Este meu tio foi uma figura muito importante para mim porque foi secretário de Estado,<br />

procurador geral do Estado, redator-chefe do Jornal Correio da Manhã. Antes, teve<br />

militância no Partido Socialista. Sua casa era freqüentada por Antônio Calado, Carlos<br />

Heitor Coni, Otto Maria Carpeaux. Eu conheci todas estas pessoas, bem pequenininho.<br />

Acho que esta é uma informação importante. Posso estar racionalizando, mas, acho que<br />

tinha uma coisa importante na minha sociabilidade com ele. Eu estava exposto a estas<br />

pessoas desde criança. Depois, meu tio se casou com 40 e tantos anos, com minha tia que<br />

ainda está viva. Teve três filhos. Mudou para Ipanema, mas, os sobrinhos, somos três,<br />

sempre íamos lá. Eu, particularmente, tinha uma relação muito próxima a ele. Ele financiou<br />

a minha vinda para São Paulo.<br />

Você era quase um filho?<br />

É. Minha mãe não tinha condições de me financiar. Ela era funcionária pública. Meu tio<br />

apoiava não só do ponto de vista do dinheiro. Ele era uma figura muito afetuosa com os<br />

sobrinhos. Ele se chama Armando Miceli. Aliás, há uma entrevista dele no CPDOC. Acho<br />

8 Realizada em agosto e setembro de 2004 por Elide Rugai Bastos, Maria Rita<br />

Loureiro e José Márcio Rego<br />

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