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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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falo sobre isto. Este artigo do Bourdieu foi muito importante, na minha vida, análise da<br />

cultura. Um mês e meio depois, indo a Livraria Francesa, vi o seu livro sobre os estudantes<br />

na França. Naquela época, eu tinha vínculos, por conta de meu casamento, com um grupo<br />

de intelectuais judeus que estavam ligados à Editora Perspectiva. Por conta disto, acho o<br />

Jacob pediu para eu organizar uma Antologia sobre o Mauss. Eu participava das reuniões,<br />

era um dos mais jovens. Havia a Zulmira, Anatol Rosenfeld, Boris Schnaiderman. Foi um<br />

convívio interessante ali. O trabalho na comissão me permitiu escrever ao Bourdieu<br />

indagando da possibilidade de montarmos uma coletânea com seus trabalhos. Ele estava<br />

começando. Isto era início dos anos 70. Ele me respondeu – ele já tinha sido nomeado<br />

diretor de estudos um ano e meio antes na École des Hautes Études em Sciences Sociales –<br />

mandando uma série de trabalhos, separatas e disse: Veja o que faz sentido para o público<br />

daí. Eu fiz uma proposta, ele mudou uma ou duas coisas e depois concordou. Comecei a<br />

traduzir, e escrevi a introdução. O livro saiu em 1972. Ele ficou fascinado, maravilhado<br />

com o livro, porque, para ele, que estava no início da carreira, ter um livro bem produzido,<br />

no Brasil, uma boa introdução, ele ficou maravilhado. Neste meio tempo, a <strong>GV</strong> abriu a<br />

possibilidade para professores de vários departamentos, que queriam ir fazer o<br />

doutoramento no exterior, de garantir uma bolsa. Então, eu disse, mas, eu quero ir para a<br />

França na França. Não quero ir para os estados Unidos. Então, fomos, o José Paulo<br />

Carneiro Vieira e eu fomos para a França. Ganhamos bolsa do Consulado francês. Em 1974<br />

fui de mala e cuia, fiquei 1974 e 1975. Quando fui, já tinha um material colhido dos<br />

intelectuais. Não tudo, mas, alguma coisa. Sobretudo as memórias. Eu já tinha colhido<br />

muita coisa. Já tinha as fichas e fui com uma mala grande toda amarrada, foi mais coisa<br />

pelo Correio. Tudo era financiado. Vou dizer em que condições fui para a França, coisa que<br />

hoje é impensável. Fui com o meu salário da <strong>GV</strong>, que não era pequeno, existia um<br />

programa naquela época, que se chamava Programa Nacional de Treinamento Executivo<br />

(PNTE), para que bolsistas da Fundação tivessem o direito a um salário suplementar, não<br />

sei o porque. Nós tínhamos direito ao PNTE, que era um outro salário, o salário da <strong>GV</strong> e a<br />

bolsa em francos. Quer dizer, eu tinha todas as condições de trabalho. Eu não fui com<br />

nenhuma pressão material. Tanto assim que, nós alugamos um apartamento e os nossos<br />

vizinhos me perguntaram na França se eu era diplomata. De onde vinha tanto dinheiro?<br />

Como era possível morar naquele apartamento, Avenue Malaporte, no 16ème?Nós nos<br />

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