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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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presente, pois não se pode deixar de aceitar alguma coisa do autor, ao se dar uma resposta a<br />

suas propostas. De certa forma, isto para mim era muito claro. Hoje, vejo muito diferente.<br />

O que as duas propostas tinham em comum? Ambas estavam se contrapondo às noções da<br />

sociologia americana de estratificação social. Ambas eram basicamente econômicas, só que<br />

Marx entra no nível da produção e Weber no nível do mercado. Também parece esta<br />

influência, e este jeito de ver em um dos capítulos daquele livro que era para ser minha tese<br />

de doutoramento, e que eu publiquei antes. Um dos capítulos do livro é sobre estratificação<br />

social, onde estou trabalhando com Marx e Weber.<br />

Você está apontando para uma visão totalizadora...<br />

Sim, outra coisa que marca nossa geração foi que só bem mais tarde se começa a ter um<br />

esforço enorme de especialização, com perdas e ganhos. Então, existe uma contradição<br />

entre gerações, também.. Eu acho que o empobrecimento surge na especialização porque<br />

se opta em Sociologia e em Antropologia, por fazer estudo de casos. Começa que os casos<br />

não são generalizados. Há verdadeira mania com isso. Minha cabeça é formada por uma<br />

Sociologia de primeiro mundo, muita influência européia, dos Estados Unidos, inglesa;<br />

muito menos francesa. A partir da década de 70, a sensação que eu tive é que estava<br />

perdendo o diálogo com os americanos. Em 75, fui para a Inglaterra, passei quatro meses<br />

lá, no Instituto de Estudos (?). Aproveitando a estada lá, escrevi o livro Do Latifúndio à<br />

Empresa. Há mais diálogo na Inglaterra do que nos Estados Unidos. Mas, a visão que eu<br />

tenho é de que há uma tendência para especialização, para uma quantificação excessiva.<br />

Qualquer coisa mais geral parece-lhes ideologia. Tenho a impressão de que o problema se<br />

dá porque o que está sendo feito de pertinente na Sociologia ou Antropologia se afasta do<br />

que está sendo feito na Economia. Em um certo momento começa-se a perceber que o<br />

pensamento econômico está penetrando em tudo. E, de uma certa forma, com rigor muito<br />

maior.<br />

Nos anos 70, Fernando Henrique Cardoso já era conhecido no exterior?<br />

Acho que Fernando Henrique Cardoso era conhecido em áreas específicas. Nesta época os<br />

americanos estão claramente precisando convidar-nos. Não havia dificuldade, escolhiam<br />

algumas pessoas, não eram tão poucas. Acho que era quase uma política americana de<br />

R ELATÓRIO DE P ESQUISA Nº 11 /2008

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