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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Você não consegue encontrar a imagem de animal para atribuir a Weber porque está<br />

presente nele este dilaceramento o tempo todo.<br />

É este o sentido da frase: “Faço ciência para saber o quanto posso suportar. A solução de<br />

Simmel era a mobilidade, a agilidade. Em vez de se dilacerar fica-se como um esquilo,<br />

pulando de um lado para outro, e assumindo aquela postura inteligente e arguta. Durkheim, ao<br />

contrário, tomava o lápis, demarcava a fronteira e dizia: está definido e eu estou deste lado.<br />

Mais do que ninguém, Weber conhece a inevitável tensão entre as várias antinomias que<br />

estudou.<br />

A questão da crítica é muito interessante. A crítica mais fecunda, aquela que a escola<br />

frankfurtiana exerceu tão bem, coloca uma questão central, com nitidez: os limites do objeto<br />

de sua crítica.<br />

Você refletiu sobre muitos autores, sobre Weber, sobre a escola de Frankfurt, sobre<br />

Luhman, Giddens, etc. Mas, você não fez este estudo só para compreender os autores. Você<br />

sempre se pergunta com quem este autor está dialogando, e se é possível dialogar com a<br />

barbárie? Para você este é o grande tema da Sociologia<br />

Vou fazer uma associação. Fiquei muito impressionado quando a Associação Internacional de<br />

Sociologia, alguns anos atrás, fez um levantamento sobre o que eles chamaram os livros do<br />

século. Os membros daquela associação pediram a cem sociólogos do mundo inteiro que<br />

indicassem os títulos e os autores de obras mais marcantes.. Noventa e cinco indicaram<br />

Economia e Sociedade. Durkheim, que é o seguinte da lista, vem com sessenta e poucas<br />

indicações. O divertido é que o sociólogo americano que é mais citado é o Wright Mills, por<br />

Imaginação Sociológica. É incrível. Sua indicação chega a cinqüenta. eu fiquei muito<br />

espantado. Nunca imaginei que ele pudesse ter marcado de tal maneira, pelo menos uma<br />

geração. Há uma coisa estranha acontecendo na Sociologia americana. Se pensarmos<br />

estritamente em termos da contribuição, da reflexão de alto nível, teríamos de escolher<br />

Parsons, e não Mills. Parsons é um autor de uma densidade espantosa. No entanto, o pessoal<br />

não indicou sua obra como relevante. Eu lembrava disso para remeter a um outro ponto.<br />

Tomando um autor internacional contemporâneo. Quem é o autor que, no final do século vinte,<br />

exprimiu um estado do mundo? Eu diria que ele não é um desses figurões, como por exemplo,<br />

Habermas que reage ético-normativamente. Este, aliás, é uma preciosa figura. Mas, o estado do<br />

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