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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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há traços de continuidade, mas há muito mais descontinuidade em relação aos anos 70, 80.<br />

A discussão sobre o fim do trabalho é muito complicada A desconstrução do trabalho feita<br />

por Habermas foi muito forte, mesmo que ele não seja sociólogo e muito menos sociólogo<br />

do trabalho,<br />

Em que sentido?<br />

A esfera emancipatória, diz o Habermas, não está mais no mundo do sistema, portanto no<br />

mundo do trabalho, mas está no mundo da vida. Na esfera da ação intersubjetiva, na esfera<br />

comunicacional. Não adianta mais esperar possibilidade de emancipar através do trabalho,<br />

porque aqui impera a razão instrumental.<br />

Esta análise faz sentido?<br />

Não. A meu juízo não. É claro que afirmar isso pode parecer pretensão. Mas, penso que<br />

essa disjunção habermasiana do sistema e do mundo da vida, ou seja, o mundo da vida se<br />

descola do mundo do sistema é complicada. O que que ele diz? O mundo do sistema<br />

coloniza o mundo da vida. Eu diria que isso é muito pouco. Eu acho que o mundo da vida é<br />

muito mais do que colonizado pela esfera do sistema Não me parece plausível imaginar<br />

que o mundo da vida seja desconectado do mundo do sistema. O mundo da vida é a esfera<br />

da intersubjetividade, da interlocução, da significação. Tal como eu leio Habermas o<br />

mundo da política está mais prisioneiro da esfera do sistema. A esfera da intersubjetividade,<br />

do convencimento é ela que contém para Habermas a possibilidade emancipatória. Eu acho<br />

que a paralisação do pensamento crítico de esquerda deveu-se em parte a estas teorias, que<br />

foram, por um lado, positivas para nos provocarem. Hoje, ninguém pode dar uma resposta<br />

com alguma originalidade dentro do marxismo senão no diálogo crítico desses autores. Por<br />

outro lado, há um problema no ensaio de Habermas, A Nova Intransparência, que é o da<br />

afirmação do fim do trabalho As pesquisa de Gorz e Off são ambas pesquisas eurocêntricas.<br />

Eu acho que o André Gorz é uma pessoa encantadora, é um intelectual importante, mas<br />

quem conhece sua produção, depois da obra Adeus ao Proletariado, sabe que ele faz um vai<br />

e vem. Em 1980, ele fala em uma “ classe dos não-trabalhadores”, depois ele nunca mais<br />

voltou a falar nesse tema. Recentemente, eu dialogava numa entrevista com o André Gorz,<br />

dentro de um site divulgado pelo Fórum Social Mundial um debate nosso, onde ele dizia:<br />

“O trabalho está aí só que... aí vêm as diferenças. Eu acho que Gorz, Offe e Habermas<br />

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