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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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sendo objeto apenas de uma publicação interna do CPDOC. Na verdade, creio que valha a pena<br />

dizer, a esta altura, que só comecei mesmo a trabalhar com pensamento social no Brasil em<br />

função da ida para o CPDOC. Não foi um interesse que tive desde sempre, mas que desenvolvi<br />

em função do clima profissional e intelectual que todos ali experimentamos.<br />

Não teve a influência do Falcon, que chegou a escrever sobre metodologia da História das<br />

Idéias?<br />

Sim, mas bem depois, assim como do Ilmar Rohloff de Matos, com quem eu li Gilberto Freyre e<br />

outros autores durante a graduação, na primeira metade dos anos 70. Achei muito interessante,<br />

mas, naquele momento, não me veio à cabeça trabalhar com o tema. Para mim não estava claro<br />

que eu fosse me envolver tanto com o pensamento social brasileiro. Em 80 defendi a dissertação<br />

e, como já foi comentado, estava dando aulas e trabalhando tanto na pesquisa sobre o<br />

pensamento integralista quanto, mais especificamente, no livro sobre o Plínio Salgado, que<br />

demorou a ser publicado, saindo só em 88. Em 85 decidi fazer o doutorado em Antropologia.<br />

Tinha, outra vez, ficado em dúvida quanto ao meu destino na pós-graduação. Havia considerado<br />

a hipótese de ir para o exterior. Cheguei a ganhar uma bolsa para fazer História na Alemanha,<br />

mas ficamos um pouco assustados, eu e minha mulher, quando nasceram as nossas duas filhas,<br />

gêmeas e prematuras. Fiquei por aqui mesmo e fiz o doutorado no Museu. Como já tinha<br />

encerrado a pesquisa sobre o Integralismo no CPDOC, resolvi escolher um outro tema na área de<br />

pensamento social, e o meu interesse direcionou-se para Gilberto Freyre. Então, converti esta<br />

escolha em um pré-projeto ao doutorado apresentado ao Museu.<br />

Fale um pouco das leituras que o influenciaram nesta direção.<br />

Há uma questão curiosa em torno da tese, sobre a qual talvez valha a pena pensar com mais<br />

vagar. Com o integralismo, já tentara resgatar a perspectiva interna do movimento através dos<br />

autores. Talvez eu tenha me viciado neste tipo de análise, porque quando me pediram para definir<br />

um segundo objeto de pesquisa, no CPDOC, indiquei Gilberto Freyre. Naquela época, esse autor<br />

era objeto de enorme desprezo, talvez maior do que o devotado ao integralismo. Afinal, o<br />

Integralismo tinha dado errado, pertencia à uma época, em princípio, já superada com a derrota<br />

do nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial, enquanto que Gilberto Freyre era um intelectual<br />

oficial, no sentido em que tinha apoiado a revolução de 64, embora ele se orgulhasse de dizer que<br />

nunca aceitara nenhum cargo que lhe houvesse sido oferecido pelos militares.<br />

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