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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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livro do Poulantzas, em que ele fazia uma coisa muito rara, quase que única entre os<br />

marxistas, que era debater a literatura sobre regimes políticos, sobre Estado, elites políticas,<br />

etc. Comecei a me interessar por temas mais amplos. Aí, saíram dois textos que foram<br />

muito importantes para a minha mudança de área; o primeiro era um texto brilhante sobre a<br />

relação entre o direito e o marxismo, de um autor expulso, o Pasucanes. O outro é State and<br />

Capital, uma coletânea inglesa que trata da literatura que havia saído na Europa,<br />

principalmente, na Alemanha e na França, sobre o Estado e sua relação com o capital. Eu<br />

me encantei com isto, porque era uma área nova. Sempre tinha me angustiado com aquela<br />

relação entre infraestrutura e superestrutura, que é um problema para o marxismo. Meu<br />

primeiro curso de pós-graduação foi sobre Estado e Classes Sociais em que eu discutia<br />

toda esta literatura. Logo a seguir, em 1983, me convidaram para trabalhar na Folha de São<br />

Paulo, como editorialista. Fiquei aí durante uns sete, oito meses. Isto mudou muito minha<br />

vida, porque fui tragado pelo movimento político que estávamos vivendo, um momento de<br />

crise. A política me absorveu. Eu realmente fiquei empolgado, apaixonado pela coisa.<br />

Conheci trabalho do Charles Tilly que tenta identificar os movimentos sociais que trazem<br />

rupturas estruturais. E envolve um método específico de como tratar este tema pelo<br />

computador. Fiquei encantado com aquilo. O Eduardo Graef trabalhava junto comigo na<br />

Folha. Discutíamos conjuntura o tempo todo.. Eu acompanhei tudo isto, fazendo<br />

editorial.Vivemos toda a crise do regime, eleição do Montoro, o movimento das diretas, a<br />

eleição. O Eduardo era apaixonado por política. Assim, convertemos toda aquela paixão<br />

em um projeto de análise da transição política brasileira pelo prisma da conjuntura.<br />

Eduardo e eu começamos a montar uma pesquisa sobre regime militar. Fizemos um banco<br />

de dados. Vocês não imaginam o que é fazer um banco de dados de eventos políticos com<br />

base no jornal, padronizando a linguagem, etc. O esforço de organização do banco foi<br />

monumental, tínhamos mais de vinte pessoas trabalhando, eram rapazes de terceiro ano de<br />

faculdade. O Eduardo ficava mais na parte de informática e eu ficava administrando o<br />

pessoal. Fiquei desde aquela época até março de 1994 dirigindo este banco. Agora acabei<br />

de doar este banco para o Consórcio. Em suma, minha trajetória foi esta. Depois do<br />

doutorado, comecei a fazer textos de análise de conjuntura. O primeiro foi escrito por<br />

Eduardo Graef, Carlos Estevam Martins e eu com o título A Reconstrução do Primeiro<br />

Ano da Nova República. O artigo terminou antes do Plano Cruzado. Depois, apareceram<br />

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