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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Neste livro Nacional Estrangeiro, você mudou sua abordagem, não? Fale sobre isto?<br />

Já no doutorado tinha a reflexão sobre o Modernismo, sua contribuição e a polêmica em<br />

torno de suas interpretações. Para entendermos o Modernismo, é preciso entender o<br />

Modernismo Literário e o Artístico. Acho que o Modernismo artístico diz muito mais sobre<br />

o movimento. O Modernismo literário, na verdade, é um movimento muito convencional,<br />

muito próximo de certa cultura oligárquica. E o estertor desta cultura. Esta é a minha<br />

leitura. Na Argentina acontece o mesmo. A geração do Borges é muito tradicional do ponto<br />

de vista ideológico. Do ponto de vista do repertório e do universo político, não podia ser<br />

diferente porque as pessoas estavam imersas na cultura política oligárquica. Eu já tinha<br />

sugerido isto no doutoramento – eu acho que parte da reação ao livro tem a ver com esta<br />

leitura que as pessoas não gostavam. A sociedade paulista é isto. Ela está se movimentando.<br />

São estas forças sociais que estão em ebulição. É possível ler isto nas obras de Anita<br />

Malfatti, de Lazar Segal. Na literária não tem mulher nenhuma, porque a Pagu é uma<br />

invenção muito posterior. Ela não teve a menor importância no movimento. Seu romance,<br />

além de ser chatíssimo, não teve importância. Ela era a namorada do Osvald de Andrade.<br />

Esta recuperação concretista da Pagu é uma invenção dos anos 70. A única mulher<br />

importante no Modernismo, que é a Cecília Meireles, já é mais tarde. No meu seminário,<br />

em Stanford, uma das primeiras perguntas, foi porque as mulheres não tiveram presença no<br />

modernismo literário.<br />

Por que o título Nacional e Estrangeiro?<br />

Nacional Estrangeiro é um título contraditório porque o nacional no Modernismo, é a<br />

imigração que é estrangeira. O Estrangeiro, no Modernismo, é a pintura, que é nacional,<br />

totalmente formada pelo estrangeiro. Estrangeiros são os cubistas que formataram estas<br />

pessoas. A escola de Paris nesta pintura usava temas nacionais com uma linguagem tot<br />

História da Arte lmente estrangeira como Tarsila do Amaral. Então, o título é uma tentativa<br />

de dar uma forma compacta e um conceito conciso, e expressivo que retém estas dimensões<br />

principais da experiência. Então, o livro começou a se montar pela segunda parte, sobre o<br />

mecenato. O mecenato é uma coisa complicada no Modernismo. Por que? Porque nós<br />

temos mecenas que criam instituições que favorecem os modernistas, mas, têm horror ao<br />

que eles fazem. Não gostam da produção modernista. Eles compram uma ou outra coisa<br />

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