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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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acomodadas, não entram em nossa defesa e não incluem esta nova morfologia do trabalho,<br />

vamos criar um sindicalismo que esteja atento ao desemprego e ao mundo terceirizado.<br />

Qual é o futuro dos sindicatos? Vai depender da sua capacidade de aproximar o fosso que<br />

há entre a classe trabalhadora estável e a classe trabalhadora instável, informal,<br />

precarizada... Se os sindicatos não souberem responder isso, a sua crise poderá vir a ser, eu<br />

não diria terminal. Mas veja que curioso, nós teríamos em pleno século XXI, um<br />

sindicalismo parecido ao sindicalismo de ofício do século XIX.<br />

E na América Latina?<br />

Na Argentina eles criaram o movimento dos trabalhadores desempregados. Há os<br />

movimentos dos piqueteiros que param o país. Como pára o país um “sindicato” de<br />

desempregados? Não tem fábrica para parar? O que eles fazem? Eles param as ruas, as<br />

estradas, aí vêm polícia, televisão vem. Morrem alguns e a notícia sai na televisão uma<br />

manifestação de cinco mil piqueteiros, mostrando que existem cinco mil desempregados.<br />

Outro exemplo muito interessante na Argentina é o que eles chamam de fábricas<br />

recuperadas. Fechou a fábrica? Os trabalhadores passam a controlam a fábrica e produzir<br />

sem a presença patronal. Então, é preciso exercitar um novo tipo de sindicalismo que<br />

consiga representar essa nova morfologia. Por exemplo, se a classe trabalhadora é<br />

predominantemente feminina, como ocorre em vários países da Europa avançados, e em<br />

muitos setores no Brasil, um sindicato dirigido por um grupo muito machista, não vai dar<br />

conta... Como organizar 500 mil trabalhadoras no ramo do telemarketing? São mulheres<br />

trabalhadoras que vivem a intensa exploração do trabalho. Não podem trabalhar com as<br />

suas bolsas, porque há muita perda de tempo, dizem os patrões, para abrir a bolsa e<br />

procurar algo lá dentro. São ligações que ela não está fazendo. Elas trabalham em baias<br />

para que uma não converse com a outra. Então, o sindicato está desafiado a entender Se<br />

persistir um sindicalismo institucional, verticalizado, hierarquizado vamos cair em um<br />

sindicalismo de ofício e nos fundos de pensão. O sindicato vai virar grande investidor de<br />

pensão. É o que está acontecendo no Brasil. Fenômeno que já existe na Europa pelo menos<br />

há vinte anos<br />

Aí não é sindicato.<br />

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