18.04.2013 Views

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

entre Estado e mercado. O conceito de Estado desenvolvimentista omite a relação entre<br />

Estado e sociedade, Estado-grupo, e a forma de incorporação política destes grupos. Visto<br />

pelo prisma do varguismo, temos a vantagem de ter dois componentes, o lado<br />

desenvolvimentista, e o lado autocrático. O lado da desorganização dos de baixo, ou seja,<br />

que inviabiliza a organização dos trabalhadores. Isto é uma constante no Estado<br />

desenvolvimentista. Um dos elementos pilares do Estado é que não há possibilidade de<br />

organização autônoma dos de baixo. O varguismo mostra o controle sobre os trabalhadores,<br />

ou seja, sua incorporação controlada Ele tem também outro lado, que é a face<br />

desenvolvimentista. Estou tratando de dois processos, o de democratização e o processo de<br />

liberalização econômica. Isto remete às duas faces do Estado. Naquele texto, que marcou<br />

muito minha trajetória intelectual e que se difere muito da literatura política da época,<br />

centrava a análise no regime, eu insistia que era fundamental usar o conceito de Estado. O<br />

Estado necessariamente tem de ser pensado na sua interface com a economia, na sua<br />

interface com o mundo exterior, na sua interface com a sociedade. E, não está fechado<br />

naquele mundo das instituições políticas e, da relação das instituições políticas com o<br />

eleitorado pensado abstratamente. O Estado tem esta vantagem de necessariamente ter de<br />

ser pensado nas suas bases financeiras, na relação entre o ciclo da economia e o ciclo da<br />

política.<br />

Por que deu o título Labirintos a seu livro que analisa este processo?<br />

O último capítulo do texto chamava-se “Labirintos”. Porque nele eu tentava fazer uma<br />

análise do programa político-econômico do governo Sarney para mostrar como a política,<br />

em zigue-zague, foi o tempo inteiro vetada. Tinha grupos ou coalizões de veto, que<br />

derrubavam a política, embora eu pudesse ver, ao longo do governo Sarney, uma linha.<br />

Pegando-se os primeiros anos e os últimos anos temos uma tendência para a liberalização, a<br />

partir do Maílson, mesmo o Bresser já vai naquela direção. Então, temos este zigue-zague,<br />

e barreiras. O livro começa de fato no governo Geisel que é um fracasso só! Ele tenta<br />

realizar o projeto nacionalista mais ousado do desenvolvimentismo, já associado ao<br />

anterior, mas fracassa. Em 1978, no segundo período dele o projeto já está fazendo água!<br />

Tenta fazer liberalização, o projeto de abertura controlada, mas não consegue. O tempo<br />

todo, o governo militar pensa que comanda, mas não consegue comandar as forças, elas são<br />

sempre maiores do que eles. Então, temos zigue-zague.<br />

190

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!