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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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um sujeito livre capaz de criar, inventar etc. Eu acho que não houve nenhuma mudança<br />

importante nessa questão.<br />

Nunca ficou interessado em escrever sobre o pensamento brasileiro?<br />

Não. Eu nunca pensei nisto. Agora que estou aposentado eu acho que posso fazer isto,<br />

refazer e completar as leituras. Mas não tenho ambição de fazer um trabalho sobre isso,<br />

seria mais pelo prazer de ler. Há autores fascinantes que pensaram o Brasil. Alberto Torres,<br />

por exemplo, é fundamental para se entender o Brasil até hoje. Ele não é apenas um<br />

ideólogo do conservadorismo, ele é um intérprete da tradição conservadora brasileira.<br />

Escrito em 1910, 1911, é um trabalho fantástico. Também Nabuco e Gilberto Freyre têm<br />

coisas muito interessantes. Por exemplo, há trabalhos dele sobre fotografia, coisa que<br />

passou a me interessar agora que estou trabalhando com sociologia visual, escritos muito<br />

antes dos de Howard Becker, que é o pai da Sociologia visual.<br />

Conte sua experiência de trabalho no Cesit.<br />

Quando eu estava na Graduação em Ciências Sociais fui aluno do Fernando Henrique, na<br />

disciplina Introdução à Sociologia, no primeiro ano do curso.. Ele não era um professor que<br />

inibisse ou que desqualificasse o aluno. Ao contrário, ele admitia que o aluno, mesmo que<br />

tivesse opinião diferente da dele poderia ter razão e dava oportunidade a todos de discutir<br />

suas idéias. Foi uma experiência muito boa ter sido seu aluno nestas condições. No segundo<br />

ano, por força desta proximidade o Fernando Henrique conhecia cada aluno. Portanto, sabia<br />

que eu morava em São Caetano, que estudava à noite... Perguntou-me se eu não queria<br />

desenvolver uma pesquisa na cadeira e morar no Cesit, pois assim ganharia tempo, em vez<br />

de ir e voltar a São Caetano. Era uma bolsa para trabalhar com.(?).. que dava aula de<br />

Sociologia em Araraquara. Nesse momento o Cesit passa para uma segunda etapa, havendo<br />

uma ampliação da pesquisa. Tratava-se do projeto Economia e Sociedade no Brasil, e cada<br />

uma das pesquisas individuais integrava-se nele. O (?)....vinha de Araraquara para<br />

desenvolver um projeto sobre qualificação de mão de obra. Eu ia aprender muito com eles,<br />

não tinha uma qualificação, ainda era estudante. Mas, Fernando Henrique estava<br />

valorizando muito o fato de que eu vinha de um subúrbio operário e de ter trabalhado em<br />

fábrica, tendo idéia de seu funcionamento. Eu recebia uma bolsado INEP, e passei, então, a<br />

entrevistar os operários fora da fábrica e isto era uma coisa que eu tinha de fazer à noite. Eu<br />

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