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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Ribeira e eles não sabiam nada. Mas se pedissem para descrever o maciço X da França e<br />

eles discorriam lindamente sobre o assunto (risos). Há coisas escritas sobre isso. Ou seja,<br />

eles sabiam tudo sobre a Europa e não sabiam nada sobre o Brasil. No caso de Florestan,<br />

especificamente, Bastide teve um papel fundamental para conduzi-lo a esse diálogo...Por<br />

exemplo, insistiu com ele para se dedicar à pesquisa sobre o negro em detrimento das<br />

preocupações abstratas e teóricas, que eram justas, legítimas e boas. Mas, os franceses<br />

sempre lembravam que a sociologia é o diálogo com a sociedade em que se vive. Na<br />

verdade, eles vieram para cá justamente para poder fazer aquilo que não era mais possível<br />

na Europa, investigar o periférico, retomar a idéia de totalidade que se perdia na<br />

especialização que os americanos estavam propondo.<br />

Nesse sentido a Escola Paulista de Sociologia seria um desdobramento da Escola<br />

Francesa de Sociologia?<br />

Florestan dizia que não existia a Escola Paulista de Sociologia e eu tendo a concordar com<br />

ele. Digamos que núcleos comuns de interesse aqui definem o que é o grupo de São<br />

Paulo,que não é só a Faculdade de Filosofia, é também a Escola de Sociologia e Política.<br />

No caso de Florestan é bom lembrar que o mestrado dele é em Antropologia e não em<br />

Sociologia, feito na Sociologia e Política, onde teve influência de alemães – Baldus,<br />

Willhems. A chamada Escola Paulista de Sociologia é uma versão brasileira das Ciências<br />

Sociais européias -francesa e alemã -, mas a Antropologia é muito alemã, ainda hoje. A<br />

filosofia era uma escola aberta, pensada como uma escola ecumênica. Poucas pessoas se<br />

dão conta de onde procede o pensamento crítico. Muitos afirmam vir do marxismo, o qual<br />

não teve nenhuma influência a não ser depois do golpe de 64. Quem definiu o pensamento<br />

crítico aqui foram os judeus e os protestantes. Isto foi deliberado quando os Mesquitas<br />

convidaram professores estrangeiros e escolheram pessoas que estavam em conflito com o<br />

nazismo e o fascismo...Começavam a vir protestantes, os dois Bastide, por exemplo. Muitos<br />

dos professores eram protestantes e havia um motivo para isso. Dom Duarte, arcebispo de<br />

São Paulo, quando soube que ia ser criada a Universidade, fez de tudo para implantar a<br />

Igreja Católica dentro dela. Os Mesquita não queriam isso pois eram de tradição liberal,<br />

laicos e críticos dessa influencia, do ultramontanismo católico. É daí que nasce o<br />

pensamento crítico. Temos vários pastores protestantes que foram professores, na Filosofia<br />

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