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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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estimulante ou se é um peso excessivo para ser carregado. Eu ainda sinto isto do mesmo<br />

jeito que sentia quando tinha vinte anos de idade. Pesa porque há este medo de ficar<br />

patético. Eu tenho muito este pudor de não cair na retórica patética. Eu evito o patético.<br />

Guardo a força das minhas convicções para conversas de botequim, com amigos, aí sou<br />

patético. Agora, na manifestação de público estou sempre procurando encontrar saídas,<br />

formas orgânicas. Sem nós, sem os intelectuais este país dificilmente se assenta. É só ver<br />

quanto somos mobilizados pela media para tudo. Coisas que entendemos e coisas que não<br />

entendemos. Da violência, por exemplo, entendemos muito pouco. A comunidade é a toda<br />

hora chamada a falar sobre a violência. Fala, fala coisas ajuizadas, sobretudo. Nós<br />

exercemos um papel substitutivo muito grande. Às vezes, em relação aos próprios partidos.<br />

Não é a toa que tantos intelectuais têm chegado à cena pública diretamente. Este papel<br />

substitutivo é (?) (?) (?) país. (?) o Estado Novo também. O Estado Novo era um Estado de<br />

intelectuais.<br />

E o discurso os economistas? Eles podem ser chamados de intelectuais?<br />

E são intelectuais de mercado. São os grandes intérpretes de mercado. E é um perigo perder<br />

a percepção de qualquer das duas noções. Perder a dimensão do interesse também é um<br />

desastre. Não se pode entender o desastre do Socialismo real sem entender que a dinâmica<br />

dos interesses não foi bem consultada lá. Eu não consigo pensar liberdade mesmo sem<br />

Economia. Ela foi a grande força que liberou o Mundo. Nela estão os clássicos da nossa<br />

Sociologia.<br />

Sem ser patético, o Socialismo pode ser reconstruído ainda hoje como uma Utopia?<br />

Eu acho que sim. Eu sou socialista, comunista.<br />

E como poderia ser reconstruído?<br />

Eu não sei. Isto pertence a Deus. Acho que há uma verdade entre os que têm uma<br />

convergência entre o Marxismo e o Liberalismo. Uma convergência no fim. No fim. Não é<br />

um processo seco, como os liberais pensam: que eles sozinhos vão fazer o percurso,<br />

deixando atrás de si uma devastação. Tem de se chegar a isto a partir de uma devastação.<br />

Acho que há uma Utopia de fim de Estado. Eles têm, nós temos, nós marxistas. Agora, nós<br />

não vivemos na História, nós vivemos aqui e agora. E aqui e agora, é isto, é ter uma visão<br />

larga que receba o mercado, as suas instituições, e uma visão larga que garanta a sociedade<br />

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