18.04.2013 Views

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

sucessivos. Era tudo o que a memória agüentava. Mas, sempre tive um computador na<br />

minha mesa e o mais moderno. Eu me lembro que na Saúde Pública nossas máquinas de<br />

calcular eram de manivela. Para fazer uma divisão tínhamos de rodar aquilo sessenta,<br />

setenta vezes! Mas, funcionava. No doutorado na USP, também com a Aparecida, trabalhei<br />

um tema bem diferente. Na época, o grande tema do CEBRAP ainda era a questão do<br />

desenvolvimento, mas, agora, já havia a questão do trabalho. O grande problema da<br />

América Latina era o seguinte. O desenvolvimento era pensado como alguma coisa que só<br />

viria com o pleno assalariamento, com a destruição dos antigos remanescentes dos velhos<br />

modos de produção. Só quando o modo de produção fosse plenamente capitalista teríamos<br />

alcançando um estágio avançado de desenvolvimento econômico. Então, uma grande<br />

preocupação no CEBRAP era estudar aquilo que era marginal ao mean stream do modo<br />

capitalista de produção. Então, eu fui estudar junto com o Vilmar Faria, o Paulo Singer,<br />

Maria Coleta e Fernando Henrique Cardoso o trabalho marginal. Veio também para este<br />

grupo o Lúcio Kovarick, cujo primeiro estudo, foi o que se projetou. Depois, saiu o meu e a<br />

tese do Vilmar Faria, que, infelizmente, nunca foi publicada. Mas, fazíamos uma grande<br />

pesquisa na Bahia, porque os dados mostravam que o contingente proporcional de<br />

trabalhadores não assalariados era especialmente grande em Salvador, a qual levou muitos<br />

anos. Nesta época foi que se criou, na Universidade Federal da Bahia, uma ponte com esta<br />

pesquisa que era o CRH, que tem um grande arquivo sobre trabalho, em convênio com o<br />

CEBRAP. Os jovens estudantes na Bahia eram Inaiá, que depois veio para São Paulo fazer<br />

doutorado comigo, Guaraci (?) e (?) de Souza.<br />

Foi um projeto que deu frutos, que formou pesquisadores e linhas de pesquisas que são<br />

atuantes até hoje.<br />

Exatamente! Que criou instituições. Na verdade, os grandes nomes das Ciências Sociais no<br />

Brasil estavam envolvidos nestes projetos. O CEBRAP chamava gente do Brasil todo e<br />

gente do exterior que vinha toda semana a uma sessão chamada “O Mesão”, que era uma<br />

grande mesa em que todos se reuniam, inclusive os jovens doutorandos do Rio de Janeiro.<br />

Lembro-me, por exemplo quando Alice Paiva Abreu foi falar sobre seu projeto de tese de<br />

doutorado. Com a grande influência de Fernando Henrique, criou-se a ANPOCS. Em 71<br />

começa a funcionar a pós-graduação no Brasil, no regime novo, com disciplinas, créditos.<br />

274

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!