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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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trabalhava muito com o Lukacs da “História e Consciência de Classe”, discutindo uma<br />

visão crítica do positivismo. Ao mesmo tempo eu estava fazendo como ouvinte outro curso<br />

sobre Lukacs, mas não o da “História e Consciência de Classe”, e sim o da “Ontologia do<br />

“Ser Social”. Isso me ajudou a compor o quadro categorial analítico que me levou a estudar<br />

a consciência de classe. Então, se a idéia inicial minha era fazer um estudo crítico sobre o<br />

populismo, acabei fazendo a tese de mestrado, que defendi em 1980, com um estudo sobre<br />

a consciência de classe do operariado brasileiro dos anos trinta. Eu estudei da revolução de<br />

trinta até a aliança nacional libertador, procurando problematizar a tese da ausência de<br />

consciência de classe em função da migração rural e urbana que, devido a ascensão social<br />

tiraria o trabalhador da sua potencialidade clássica. Essa tese, bem sintetizada, me parecia<br />

insuficiente. Era preciso para entender a consciência de classe estudar as classes, a relação<br />

entre elas, o caráter do capitalismo brasileiro, o caráter do estado, as formas de dominação,<br />

a ideologia. Acho que o grande livro dentro do Marxismo sobre a questão da consciência de<br />

classe é de fato o livro do Lukacs. Eu lia o Goldman que era um herdeiro, um seguidor aí<br />

do Lukacs. E isto me levou a fazer uma revisão crítica do getulismo, mas com a ênfase na<br />

questão da consciência operária. A tese saiu em livro que se chama: “Classe Operária<br />

Sindicatos e Partidos no Brasil - Um estudo da Revolução de Trinta Aliança Nacional<br />

Libertador”.Quando eu defendi essa dissertação, compreendi que tive em minha trajetória<br />

dupla felicidade. Uma por ter tido aqui na F<strong>GV</strong>, estas pistas que me jogaram para ciências<br />

sociais. E a segunda por ter alcançado uma fase muito rica na UNICAMP entre 75 e 80,<br />

quando se formou o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas no contexto de ditadura e<br />

que contou com a forte proteção do Zeferino Vaz que dizia: “Deixem meus marxistas aqui<br />

que eu tomo conta deles”. Havia lá um espaço de reflexão crítica que deu origem à revisão<br />

da historiografia e da história social brasileira, aos estudos do desenvolvimento operário.<br />

Paulo Sérgio orientou muitos estudos...<br />

Quais eram os professores que trabalhavam nesta área?<br />

Michael Hall, Maria Hermínia Tavares de Almeida. Décio Sales não era um especialista<br />

em movimento operário e sim em classe média. Mas o Décio tinha um grupo de pesquisa<br />

muito grande. Foi um período em que havia um reconhecimento muito grande dos jovens<br />

alunos pelo trabalho que ele fazia na UNICAMP. Então, ele orientou muitos trabalhos<br />

sobre classe operária, embora ele propriamente não fosse um especialista nesse tema. Mas<br />

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