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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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organizamos um ato, na Assembléia Legislativa,pois tínhamos ligação com o MDB,<br />

chamando índios e colonos. Convidamos o José de Souza Martins, saíram matérias no<br />

jornal, depois análises em um livro de um deputado. A experiência foi muito importante.<br />

Sempre organizei coisas na vida e acho que vou continuar. Eu estava atrás de um tema para<br />

o doutorado, mas, não estava querendo fazê-lo imediatamente. Eu propus ao meu<br />

orientador fazer um doutorado de tipo sanduíche, como se chama hoje. Eu queria ir para a<br />

Inglaterra, ter uma experiência internacional. Mas a pessoa não concordou. Eu fiquei com a<br />

vaga me esperando para fazer o doutorado na USP. Eu estava querendo ir para o exterior.<br />

Concorri a uma bolsa, ganhei-a, mas, por uma questão particular – eu me divorciei – não<br />

tinha condição psicológica de sair para o exterior. Também, eu não queria sair da<br />

Faculdade. Eu tinha 27 anos, e achava que não poderia abandonar um emprego. Eu vivia do<br />

meu salário. E estava atrás de um tema de pesquisa. Tinha muita curiosidade com a<br />

Amazônia que eu ainda não conhecia. Um amigo, Carlos Teixeira, estava fazendo uma tese<br />

sobre os seringueiros. Consegui arrumar uma passagem e fiz uma viajem de um mês, pela<br />

Amazônia. Por outro lado, houve outra coincidência que me reforçou meu interesse pela<br />

Amazônia. Os colonos que tiveram as terras devolvidas para os índios ficaram dois, três<br />

meses no Parque de Exposições Agro-pecuárias de Porto Alegre. Quando eles tiveram que<br />

sair, o governo militar chama um pastor que em 1972, tinha levado pequenos agricultores<br />

para uma área perto de Goiás e pede para ele abrir uma área de colonização no Km 700 da<br />

Cuiabá-Santarém, uma terra nova. Então eu fui ao Mato Grosso, não cheguei a Terra Nova,<br />

mas, tive um grande choque. Se o primeiro choque foi com os Estados Unidos, o segundo<br />

foi com a América Latina, e terceiro foi com a Amazônia. Eu li tudo que pude sobre a<br />

Amazônia, literatura, etc.. Fiquei fascinado com tudo e achei que tinha um sentido<br />

fascinante ver a transferência populacional. Achei também que isso podia dar um trabalho<br />

de doutorado. Eu não sabia bem para onde ia fazer o doutorado. Nos anos 80 fui, em todas<br />

as férias, para o Mato Grosso, para Terra Nova, no km 700 da Cuiabá-Santarém. Eram 24<br />

horas de ônibus em estrada de terra. Ao mesmo tempo fiquei desiludido com o clima<br />

interno do departamento, em Porto Alegre. Achava muito medíocre e de repente, houve em<br />

São Paulo na SBPC uma reunião gerada pelo Antônio Candido, em que se começava a<br />

formar associação de professores. Eu estava no meio. Comecei a formar associação de<br />

professores docentes. Em São Paulo estava-se fazendo um livro sobre as cassações na USP,<br />

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