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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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padecem de uma visão muito eurocêntrica do trabalho. Olhe a China, não tem trabalho na<br />

China? Lá tem uma capacitação técnica e uma brutal exploração do trabalho. É isso que faz<br />

com que os produtos chineses entrem aqui tão baratos. Para minha surpresa, meu livro<br />

Adeus ao Trabalho teve publicação em vários outros países e mesmo O Sentido do<br />

Trabalho, quer dizer, o nosso debate tem ressonância fora.. Não há consenso na Itália, na<br />

Alemanha, na França de que a classe trabalhadora se identifica com as afirmações da<br />

literatura francesa exuberante. Danielle Linhar, Alain Bear, Robert Castel, todos eles são<br />

grandes contemporâneos com quem dialogo.<br />

Fala-se hoje em crise do sindicalismo, que essa crise no Brasil chegou posteriormente à<br />

européia. Qual é a perspectiva de saída dessa crise do sindicalismo, já que o trabalho não<br />

morreu, mas apenas mudou de forma.<br />

Ainda que intensamente.<br />

E acrescentamos, o socialismo pode ser reconstruído hoje como uma utopia?<br />

Puxa vida! Depois eu quero ver o que vai sair disso. Primeiro sobre a crise do sindicalismo.<br />

Sabemos que o sindicalismo do século XX estruturou-se, institucionalizou-se segundo o<br />

desenho da empresa taylorista e fordista. E nos países do norte avançados do norte da<br />

Europa, foi o sindicalismo social democrático dos anos dourados. Isso ruiu a partir de 70 na<br />

Europa e as suas repercussões foram muito intensas na América Latina em 80 e<br />

avassaladoras no Brasil. 90. Hoje com a quebra e fluxo do modelo japonês, quebra e<br />

reestruturação produtiva da Alemanha, na Inglaterra, nos Estados Unidos, houve uma<br />

relativa horizontalização e um processo de fatiamento das empresas. Cria-se assim uma<br />

uma classe trabalhadora estratificada numa intensidade muito maior do que antes. Os<br />

trabalhadores estão terceirizados, quarteirizados, homens, mulheres. Enfim, tudo isso<br />

marca o mundo do trabalho hoje. Mutação técnico-científica, a reengenharia. Um dado<br />

empírico forte dessa crise é o aumento das taxas de desindicalização. Essa crise é profunda?<br />

É. Ela é terminal? Não. Essa é a minha primeira entrada nesse debate. Não é terminal. Por<br />

que não é terminal? Porque há o exercício de vários sindicatos não só do Brasil, não só na<br />

América Latina mas na Europa também. O que fiz o sindicalismo inglês? Três ou quatro<br />

sindicatos se fundiram para que os três fracos se juntassem com alguma força depois da<br />

barbárie neoliberal. O que fizeram na França? Se as centrais sindicais estão muito<br />

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