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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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moderno e o tradicional. Quando Sérgio Miceli iniciou o projeto de a história das idéias,<br />

atribuiu-me a tarefa de estudar a Sociologia da USP. Houve um gelo inicial, porque havia<br />

duas questões muito complicadas. Primeiro, o desafio intelectual, que era tratar de<br />

Florestan Fernandes. Segundo era falar da minha casa. No artigo que eu publiquei<br />

inicialmente, começo com os versos de Gonzaga, “estão mesmo os deuses submetidos ao<br />

poder do ímpio fado”, pois o trabalho consistia, no fundo, pegar um deus da minha casa e<br />

escrever sobre ele. Neste processo, quando chegou em 1988, eu já tinha feito o doutorado,<br />

estava no Idesp e na Fundação Getúlio Vargas, mas, eu não era da carreira porque não abria<br />

concurso naquela época. Hoje, fico pensando que se eu tivesse tido oportunidade de fazer<br />

um concurso na Fundação, talvez, tivesse ficado lá. Mas, não me arrependo, de maneira<br />

nenhuma, de ter ido para a USP. Voltei para a minha casa. Esta é uma sensação muito boa.<br />

Irene Cardoso que foi membro da banca da minha livre-docência, diz que Metrópole e<br />

Cultura é um jogo complexo entre enraizamento e desenraizamento. Eu falo em vanguardas<br />

desenraizadas. Falo muito disto, e no meu Memorial falo que eu preciso sempre de<br />

instituições. Deve ser a experiência pessoal do desenraizamento, que é muito complicada.<br />

Em 1988 prestei concurso na USP e fui indicada. Fiquei em dúvida em fazê-lo, mas Sedi,<br />

que é uma figura de quem gosto muito, meu amigo, ficou insistindo e acabei prestando.<br />

Tinha 26 candidatos e fiquei admirada de ter sido escolhida. Surgiu depois outra vaga, foi<br />

feita uma longa negociação e convidamos o Sérgio Miceli, que aceitou.<br />

Você falando de sua parceria com o Sérgio... Na sua formação como você incorporou<br />

sua influência?<br />

Uma influência intelectual importante na minha vida, e anti-frankfurtiana. Ultimamente,<br />

ando dizendo a ele que precisa ler Adorno!<br />

Há um texto seu que li em que você faz a análise do Florestan Fernandes e o compara<br />

com o Durkheim, com o trabalho institucional que Durkheim fez na França. A pergunta<br />

é a seguinte, você não acha que estas semelhanças ultrapassam o trabalho institucional e<br />

têm a ver com a própria influência na concepção da Sociologia? Acho que você não<br />

chegou a desenvolver este lado.<br />

Não eu não cheguei mesmo a desenvolver porque, naquele texto, a minha preocupação era<br />

com o papel exercido por Durkheim. Acho que você tem razão, eu jamais cheguei a<br />

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