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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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ealismo vai tomando lugar importante nas decisões. Tudo isso é um largo e pesado trajeto,<br />

ao qual estamos nos adaptando, buscando maior eficiência das organizações e mais eficácia<br />

das suas políticas. O avanço democrático, todavia, continua seu percurso. O desafio do<br />

governo Lula é o mesmo enfrentado pelos intelectuais nas atuais condições nacionais e<br />

internacionais.<br />

Eles têm de ter resignação diante dos imperativos?<br />

De certa forma, sim! Não há muito mais lugar para puro voluntarismo. Necessitamos de<br />

mais densidade e informações, para entender os movimentos complexos do cenário<br />

internacional. Planejamento e eficiência, típicas a qualquer grande empresa internacional, é<br />

o que precisamos absorver para dentro do Estado brasileiro. Há de ser reconhecido,<br />

também, o fato de que o capital social é elemento determinante de nossas potencialidades.<br />

Mas, essa gestão não temos no Brasil, de modo minimamente aceitável. É uma dimensão<br />

que não depende só da história nacional, como presente na milenar Itália que, apesar da<br />

grande falta de institucionalidade estatal, se conserva como um país líder no mundo<br />

contemporâneo. O Brasil deveria ajustar-se ao mundo emergente por meio de uma gestão<br />

do capital social mais eficiente. A cooperação e autonomização dos subsistemas sociais são<br />

centrais, para que o país possa crescer mais equilibradamente e por via democrática. Já que<br />

não temos uma larga experiência histórica, isso teria de ser produzido por recursos<br />

administrativos. Seria fundamental o Estado fomentar e proteger todas as formas sociais de<br />

cooperação. Mas, infelizmente, estamos muito atrasados no quesito!<br />

Você quer dizer que havia muita ilusão na possibilidade de desenvolvimento do país?<br />

Acredito que sim. O desenvolvimento viria sem forte incentivo às inversões de capital,<br />

dispensaria forte gestão estatal, após um período de forte privatização de empresas<br />

públicas. Além disso, veio a constatação de que as políticas sociais compensatórias não são<br />

compostas exclusivamente por programas de distribuição de benefícios sem cobertura<br />

financeira, sem forte acompanhamento de avaliação e de monitoramento permanentes. As<br />

estratégias de desenvolvimento requerem forte participação direta e indireta do Estado,<br />

como a própria literatura crítica da economia sugere, em todos os países do mundo.<br />

É isso o que você está chamando de cultura da austeridade?<br />

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