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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Você busca as raízes da realidade no mito?<br />

No mito, que eu chamo de mineiridade. Tem-se uma construção unitária que é mítica. Ela,<br />

evidentemente, vai se desdobrando...quando estou em uma literatura de corte<br />

drumonndiano, ou roseano, eu já tenho um imaginário, bem como parte do discurso<br />

político, embora aí tenha uma face ideológica muito nítida. Ninguém pode esquecer que o<br />

discurso do Tancredo Neves no Colégio Eleitoral é uma peça fantástica da política<br />

brasileira, mas, ela é toda mítica. Ele começa dizendo...eu venho da nossa política gestada<br />

por um grande mineiro, que é o Paraná, eu vim para promover a paz. Eu vim porque venho<br />

da terra de Tiradentes. É maravilhoso aquele discurso! Então, eu fui tentar recuperar a<br />

gênese deste discurso político, onde ela tinha raízes. E como é que a gênese que é o século<br />

XIX, que tem a ver já com a decadência de Minas, está referida ao século XVIII. E por que<br />

a Inconfidência, como movimento, virou emblemática da construção da nacionalidade, e o<br />

que tem a ver a vida intelectual com isto? Quer dizer, no fundo a idéia do livro é que<br />

aconteceu em Minas, a constituição de um sistema intelectual, cultural, um sistema,<br />

propriamente, e o fato de ser um sistema faz sentido, porque depois quando tento trabalhar<br />

para São Paulo, com esta noção, não dá certo. Aqui é esgarçado! É que os modernistas, e a<br />

geração de 45 são muito importantes neste processo, não só os escritores do século XIX,<br />

mas, a geração de 45 é muito importante. ....no fundo tentando discutir por que Minas tem<br />

um modernismo longo, como no Nordeste. Uma coisa que me incomodava, pensando<br />

sempre a literatura, por que São Paulo, depois dos Modernistas não tem uma literatura<br />

forte? Deveria ter uma literatura urbana. Se se fizesse a relação simples entre vida arte,<br />

literatura e sociedade, o grande escritor do urbano seria paulista, e por que não é? A<br />

literatura pressupõe uma sedimentação, então um Modernismo longo do Nordeste, que dá<br />

todo o ciclo do romance nordestino, ou mineiro que chega a um cosmos! E ao mesmo<br />

tempo como é que em 45, com a morte do Mário já não tem mais nada das propostas<br />

modernistas dos 20!<br />

Mas, você dirá em Metrópole e Cultura que são outras as linguagens para São Paulo!<br />

São outras linguagens, e a literatura não é linguagem paulista. Aqui é outra a linguagem.<br />

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