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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Em seu Memorial você levanta uma questão teórica mais geral de importância<br />

metodológica: como articular a teoria marxiana do sistema capitalista com as análises<br />

das situações concretas particulares?<br />

Basicamente, este é um problema complicado porque teríamos de pensar do ponto de vista<br />

marxiano para não pensarmos na tradição marxista que é uma tragédia deste ponto de<br />

vista.Como é se lida com categorias que são estruturais do sistema, que não são nem<br />

nacionais. É bom lembrar a história de que a Inglaterra é a grande fonte de exemplos, mas,<br />

não é a Inglaterra, mas a estrutura capitalista que está sendo exposta. Claro que se tem<br />

muita reflexão filosófica sobre o Capital, mas entre esta produção e o aproveitamento na<br />

análise de um processo há uma grande diferença. Isto é torturante para quem, como no meu<br />

caso que tento fazer um estudo de certa modalidade de organização do capitalismo usando<br />

uma teoria que foi construída não para analisar aquilo, mas o sistema como um todo. A<br />

tradição marxista elaborou muito pouco sobre isso. Aqui no Brasil, a produção marxista é<br />

uma produção de filósofos.<br />

Fazer um tipo de análise como esta é um desafio é muito grande.<br />

Florestan tinha essa capacidade. Quando se lê Florestan vê-se uma capacidade de<br />

elaboração, de juntar as coisas realmente excepcionais. Eu admiro muito o velho Florestan.<br />

Como você veria o institucionalismo nessa discussão?<br />

Eu não tenho particular gosto pelo institucionalismo. Falo com franqueza. Porque há uma<br />

tradição institucionalista antiga na Sociologia que vem de Durkheim. Nos Estados Unidos<br />

os autores trabalham sempre em um registro contra o behaviorismo. Logo que comecei a ler<br />

sobre este tema, causou-me um certo mal estar. Por que isto é tão novidade assim? Como<br />

nós não tivemos a tradição behaviorista, é surpreendente para nós esta ênfase no assunto.<br />

Um certo tipo de institucionalismo me agrada. É o que faz fronteira entre a Sociologia e a<br />

Política, que analisa, por exemplo, as relações entre política econômica e as idéias<br />

econômicas, como Peter Hall. Este é um tipo de análise institucional que leio com muito<br />

benefício, que é muito instigante, embora não tenha aquela precisão que os cientistas<br />

políticos gostam de atribuir a sua própria disciplina. Mas, o institucionalismo tem sérios<br />

limites. Se focalizamos muito fortemente no papel explicativo das instituições, acaba-se<br />

tendo algumas dificuldades no momento de apanhar momentos de mudança social<br />

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