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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Discutimos atrás a necessidade de um ator personificar o processo. Serão os Estados<br />

Unidos que desempenham esse papel?<br />

Não creio que os americanos tenham hoje essa função. Se a tiveram, perderam-na. A<br />

primeira guerra do Golfo e a última, do Iraque, são indicativas do declínio dos Estados<br />

Unidos. A invasão norte-americana mostra o vazio de sua hegemonia, a violência exercida<br />

é contestada mundialmente. Nesse processo os Estados Unidos enfrentaram a ONU<br />

usurpando sua legitimidade. Eles o fazem porque têm a força, o maquinário para vencer a<br />

guerra, mas falta-lhes reconhecimento político para fundar a autoridade de seus atos.<br />

Se fosse um governo democrata e não republicano seria diferente?<br />

Creio que não. Não estou dizendo que não existam diferenças entre democratas e<br />

conservadores, embora no caso dos Estados Unidos, elas não sejam tantas. Mas o problema<br />

é mais amplo. Da mesma maneira que não posso aplicar as categorias da política nacional<br />

brasileira ou francesa, para pensar o mundo, não posso explicar o mundo a partir da política<br />

norte-americana. Isso não significa que os Estados Unidos não tenham um papel importante<br />

na ordem mundial.<br />

Seus comentários não refletiriam uma visão de sociólogo que se contrapõe a uma visão<br />

de alguns cientistas políticos que afirmam que hoje dependemos das decisões do eleitor<br />

americano. Dizem eles que se o eleitor americano decidir, nas eleições do ano que vem,<br />

tirar os conservadores do poder e eleger um democrata, talvez, se possa construir um<br />

novo projeto para os Estados Unidos?<br />

Honestamente, não acredito muito nestas explicações, elas me parecem demasiadamente<br />

conjunturais. Falemos das questões políticas. Consideremos o governo Lula. É melhor que<br />

o de Fernando Henrique? É continuísmo? Sou simpatizante do governo atual e do PT. Não<br />

tenho problemas em assumir minha posição política, embora minha vida pessoal passe ao<br />

largo das injunções partidárias. Porém, nunca confundiria os acertos ou os erros deste ou<br />

daquele governo, com a discussão que vínhamos mantendo antes. O debate sobre a questão<br />

nacional, o contexto da globalização, o advento de um imaginário coletivo mundial, a<br />

transformação da noção de espaço, a multiplicação das tecnologias de comunicação, etc.<br />

não pode ser reduzido à uma perspectiva ideológica. As explicações evoluem em registros<br />

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