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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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tinha sido meu professor de sociologia da religião, ela disse-me que o departamento de<br />

Sociologia da Universidade Federal do Ceará estava procurando alguém com doutorado. Eu<br />

me interessei. Enviei meu currículo, mas, fui preterido. Neste ínterim, recebi um convite da<br />

Universidade Federal da Paraíba. A universidade passava por uma fase de mudanças e o<br />

novo reitor, uma espécie de modernizador à direita, estava buscando por novos quadros.<br />

Aceitei o convite e fiquei um ano em João Pessoa. Não foi uma boa experiência, após um<br />

ano abandonei o emprego e voltei para São Paulo. Fiquei desempregado alguns meses,<br />

quando recebi outro convite, na área de Antropologia da Universidade Federal de Minas<br />

Gerais. Em 1977 fui para Belo Horizonte onde permaneci uns oito anos, incluindo o tempo<br />

que passei nos Estados Unidos. Da UFMG, retornei a São Paulo, e, através de Cândido<br />

Procópio de Camargo, entrei no programa de Ciências Sociais da PUC. Fiquei três anos,<br />

para por fim chegar à UNICAMP (1988). Guardo da PUC as melhores recordações. Um<br />

programa pequeno, muito qualificado. Eu trabalhava apenas no pós-graduação, e tinha<br />

excelentes colegas, Florestan Fernandes, Octavio Ianni, Cândido Procópio, todos<br />

capitaneados por uma pessoa fantástica, Carmem Junqueira. Foi uma estadia prazerosa. O<br />

ambiente universitário era politizado, efervescente, uma ebulição simpática. Havia<br />

entretanto um problema, comum à todas as universidades privadas no Brasil, a<br />

instabilidade. Após um conjunto de greves salariais convenci-me de que deveria buscar<br />

outro lugar.<br />

No período em que esteve na Universidade Federal você trabalhou de forma muito ativa<br />

no movimento docente?<br />

Sim. Tive uma participação muito ativa na fundação da associação local dos docentes,<br />

depois, no movimento nacional, fui membro da primeira diretoria da ANDES. Estive na<br />

“direção” (não gosto desta palavra) das duas primeiras greves nacionais dos professores das<br />

universidades federais. Na época, eram manifestações importantes de uma insatisfação<br />

generalizada de setores médios da população brasileira, não apenas com sua condição de<br />

trabalho, mas também em relação à ditadura militar. Meu engajamento ampliou o horizonte<br />

de minhas experiências, e, aos poucos, fui tomando consciência da precariedade das<br />

universidades públicas brasileiras. Como diretor de uma entidade nacional, era obrigado a<br />

viajar por todo o Brasil, na defesa dos direitos civis e no combate às arbitrariedades dos<br />

militares. Percebi, no entanto, a dificuldade em se conciliar o trabalho intelectual e uma<br />

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