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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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fazer um balanço sério das várias tendências. Há ainda um agravante, durante os anos 90,<br />

de forma obsessiva, concentrei-me na questão da mundialização, isso afastou-me de uma<br />

produção especificamente brasileira.<br />

Quais são seus novos planos de pesquisa?<br />

Tenho várias idéias. Wright Mills dizia ser importante ter em mente projetos distintos.<br />

Talvez seja esta uma artimanha para se controlar o tempo e renovar o encantamento<br />

intelectual. Ao longo de minhas reflexões fui acumulando um conjunto de temas que<br />

gostaria de desenvolver mais detalhadamente. Há algo que em minha imaginação chamo de<br />

O Tempo e a Hora, fruto da discussão que fiz no livro Cultura e Modernidade, sobre o<br />

advento da hora universal. Gostaria de retomar o debate da modernidade periférica através<br />

desta perspectiva. Lembro que a metáfora da hora era uma obssessão de nossos<br />

modernistas. Passa-se o mesmo com algumas questões que desenvolvi no livro sobre o<br />

Japão. No entanto, sei que existe uma diferença entre imaginação e proposta. Não posso<br />

confundir as coisas. Isso levou-me a desenhar um novo projeto de pesquisa: “A supremacia<br />

do inglês e as Ciências Sociais”. Ele dá continuidade às minhas preocupações anteriores e<br />

abre caminho para se compreender as novas relações de poder que estruturam o campo<br />

intelectual contemporâneo.<br />

A idéia de escrever em uma língua que não é a própria não empobreceria o texto e até o<br />

argumento retórico?<br />

A posição da língua inglesa, no contexto da globalização, se transformou. Para responder à<br />

pergunta é necessário levá-la em consideração. O inglês é hoje um idioma interno à<br />

modernidade-mundo. Neste sentido, ele já não é mais uma língua “estrangeira”.<br />

Desconhecer o inglês é ser analfabeto na modernidade-mundo. Posso não manipulá-lo da<br />

mesma forma que minha língua nacional. Porém, assim como o idioma nacional é interno à<br />

nação, o inglês exprime nossa condição de mundialidade. Neste sentido, não posso dele<br />

escapar. A questão é portanto compreender como se articula um mercado de bens<br />

linguísticos em escala mundial, no qual os idiomas são parte de uma hierarquia clara e<br />

impiedosa. Uns, possuem mais valores simbólicos do que outros. No universo das ciências<br />

o inglês transformou-se numa língua franca. Mas o que é uma língua franca? Uma língua<br />

empobrecida do seu contexto. Ela maximiza, em termos utilitários, a transmissão da<br />

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