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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Então, tem razão o velho Simmel quando diz que a moda se impõe por causa do poder e<br />

da hegemonia de um determinado grupo, e que a reprodução do próprio grupo depende<br />

da continuidade deste processo.<br />

Esse, é um ponto é importante. Estou convencido de que é possível refletir sobre as novas<br />

configurações desta hegemonia à nível mundial. Mas para isso, nas Ciências Sociais, é<br />

necessário tomarmos o mundo como tema e construirmos “objetos globais” de pesquisa,<br />

pois a compreensão da realidade já não mais se esgota na totalidade do Estado-nação.<br />

Este seria o objeto das Ciências Sociais no século 21?<br />

Sim, a situação de globalização nos obriga a construir objetos novos e retomar objetos<br />

“antigos” sob nova ótica.<br />

Você diz sobre seu livro que estudou o Japão para provar algumas teses sobre<br />

globalização. Fale sobre isso.<br />

Não se tratava de provar algo, mas testar algumas hipóteses que eu tinha levantado quando<br />

trabalhei sobre outros lugares. Queria escolher um país com uma tradição distinta da<br />

ocidental, e uma modernidade avançada. Neste sentido, o Japão parecia-me mais<br />

apropriado do que a China. Fui ao Japão por causa da problemática da globalização, ela foi<br />

o meu fio condutor. Para mim, um conjunto de elementos da sociedade japonesa, sobretudo<br />

relacionados ao mundo do consumo e da identidade nacional, funcionaram como objetos<br />

heurísticos para compreender o processo de mundialização da cultura. Na pesquisa surgiu<br />

inclusive uma dimensão que eu não havia considerado de maneira sistemática: a<br />

problemática do Oriente/Ocidente. Foi para mim uma aventura intelectual voltar-me para a<br />

histórica de um país asiático, tentar compreendê-lo, situando-o no contexto que me<br />

interessava. Li e aprendi muito. Sobretudo, passei a ter uma visão mais apurada do processo<br />

de globalização, menos localizada às regiões nas quais tenho transitado. Foi também, com<br />

um certo prazer, que constatei que o debate sobre a identidade nacional, tradicional aos<br />

pensadores latino-americanos, se repõe no caso japonês. As interpretações do destino<br />

nacional parece que se inserem num mesmo marco de preocupação, a construção da<br />

modernidade, que certamente, em cada país, se realiza de maneira diferente.<br />

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