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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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propriamente um sociólogo de tipo acadêmico. Tomemos o conceito de exploração que é<br />

chave na Sociologia. Dele decorre o conceito de classe. O conceito de poder aparece como<br />

um elemento de fechamento do sistema, mas, subordinado a ele. Esta amplificação do<br />

mundo político na direção de um mundo não político, do que está na base da política, pode<br />

ser uma outra interpretação, do sociólogo. Durkheim pode ser pensado também desta<br />

maneira, porque o Estado é sempre pensado como um cérebro de um corpo social. Sem este<br />

corpo social ele não tem sentido. Quando se diz que Durkheim é um conservador é preciso<br />

ir com cuidado porque certamente ele não é um comunista, mas é um democrata. Sua<br />

orientação básica era renovar a sociedade, reformá-la, torná-la mais eqüitativa, mais<br />

equânime. Mas, do ponto de vista analítico, tem-se uma relação em que o Estado é parte<br />

deste corpo social, ganha sentido por ele, embora seja pensado como cérebro porque é<br />

quem dirige. Está é uma maneira de fazer um contraponto com o sábio, o político. Os dois,<br />

de alguma maneira, apreendem estas características da sociedade e sintetizam sob forma de<br />

saber ou sob forma de política, transformando-os a partir dos dados que recebe do corpo<br />

social.<br />

Você acha que esta tendência à especialização da Sociologia é inevitável pelo próprio<br />

desenvolvimento da ciência?<br />

Não acho que seja inevitável no sentido de que tendemos à crescente especialização. Só que<br />

creio que estes esquemas de interpretação, os registros intelectuais sobre os quais se analisa<br />

a sociedade não são eternos. Isto não quer dizer que não apareçam, em algum tempo novos<br />

esquemas de interpretação que desafiem a ótica da especialização.No caso da Sociologia,<br />

não temos, de fato, uma Sociologia, mas múltiplas sociologias. Temos a disputa constante<br />

entre modalidades que, em geral, são especializadas e que trabalham com isto, mas, os<br />

macros esquemas de interpretação disputam sempre. Eu não diria que estamos condenados<br />

a estar o tempo inteiro assim. Houve vários momentos de sínteses, como na década de 1940<br />

e 50, como por exemplo, a síntese parsoniana. Depois houve uma fragmentação. Mas, isto<br />

não significa que não surjam outras possibilidades. O que acontece é que, em grande parte,<br />

estas tentativas de sínteses derivavam dos que tinham formação clássica ou marxista.<br />

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