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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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E você considera que estes estudos tinham uma matriz sociológica?<br />

São duas características que se confundem um pouco. De um lado, tudo é Ciência Social e<br />

não Economia, Sociologia, ou Antropologia. De outro lado a idéia é de se contrapor a<br />

uma tendência generalizadora, totalizadora como era o termo mais comum, usado para se<br />

distinguir de uma atitude referente à especialização. Eu acabei minha tese de Livre-<br />

Docência, Desenvolvimento e Mudança Social, na Faculdade de Arquitetura em um clima<br />

violentamente não propício para se pensar. Foi a coisa mais rápida que escrevi. Eu tive de<br />

marcar data para a Livre-Docência. Eu tinha acabado de fazer o Doutoramento. Ela foi<br />

escrita em 66, naquele clima de uma Faculdade sem Congregação, sob o domínio de<br />

politécnicos, e não de arquitetos. Os politécnicos estavam à direita, os arquitetos à<br />

esquerda, e eu sendo identificado com o grupo dos arquitetos. Eu me sentia parte deles.<br />

Neste clima, marquei a Livre-Docência e tive de escrevê-la muito rápido para estar pronta<br />

na data marcada. E em segundo lugar, tive que pensar rapidamente uma coisa que fosse<br />

pertinente para a Faculdade de Arquitetura, pesquisa original. Paulo Singer me ajudou a<br />

pensar capítulo por capítulo. Eu me lembro de estar preocupado se aquilo tinha<br />

originalidade e ele apontava para a marca sociológica presente em minha interpretação.<br />

Talvez esta especificidade, este olhar sociológico esteja no fato de que você está<br />

discutindo a desagregação das relações patrimonialistas, não? Esta discussão sobre<br />

patrimonialismo seria o olhar da Sociologia.<br />

Era weberiana, e é estava presente de forma explícita ou não em todos os sociólogos<br />

daquela época, Florestan, Fernando Henrique.<br />

Mas, o Fernando Henrique, mais especificamente, mostra como estas relações<br />

patrimonialistas constituem a sociedade brasileira.<br />

Por isso eu coloco em Weber uma das opções para uma visão totalizadora. E eu estava<br />

muito influenciado por Weber. Ele era uma resposta a Marx. Eu tenho um ensaio publicado<br />

em 56, 57, quando, tendo voltado dos Estados Unidos fiz uma conferência sobre Weber.<br />

Nele eu minimizo as diferenças entre os dois autores. Naquele momento eu não estava<br />

imerso em Marx, sua influência sobre mim vem bem mais tarde. Foi quando, em 60,<br />

explicitei que deve haver um dialogo de Weber com Marx, em que Marx está muito<br />

R ELATÓRIO DE P ESQUISA Nº 11 /2008

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