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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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de determinações para a análise das relações familiares, percebemos a enorme dificuldade<br />

de compreensão por parte dos jovens estudantes de seus textos. Não é porque os textos<br />

sejam talmúdicos, mas porque a formação teórica sistemática é precária, a meu juízo.<br />

Você também trabalhou com temas como assentamentos rurais e sobre o menor?<br />

É verdade. Com Elizeu Calsing, doutor em sociologia e técnico do IPEA (Instituto de<br />

<strong>Pesquisa</strong>s Econômicas Aplicadas, Ministério do Planejamento), produzimos um relatório<br />

sobre menor e pobreza no Brasil. Foi publicado pelo IPEA e PNUD, como livro. Os dados<br />

haviam sido colhidos pelo IPEA, mas careciam de tratamento analítico. Analisamos as<br />

relações entre menor, pobreza e desequilíbrios regionais econômicos. Hipotetizamos que as<br />

causas da pobreza não eram somente as convencionais. Haviam relações com tendências de<br />

mais longo prazo, com falta de investimento em educação e principalmente, lacunas quanto<br />

ao capital social instalado. A dimensão do capital social ainda é uma novidade no<br />

tratamento de questões similares em nossas ciências sociais brasileiras. De qualquer forma,<br />

nosso livro ficou muito descritivo e pouco analítico, dado o curto tempo que nos deram.<br />

Com os mesmos dados, produzimos outros artigos, separadamente. Sobre os assentamentos<br />

de reforma agrária coordenei umaextensa pesquisa nacional, entrevistando 200.000<br />

(duzentos mil) chefes de família, em núcleos do INCRA (Instituto de Colonização e<br />

Reforma Agrária), entre final de 1996 até maio de 1997. Foi trabalho hercúleo. Fui um dos<br />

três coordenadores, contratamos 1800 entrevistadores, 66 supervisores de campo e<br />

trabalhamos consorciados com 29 universidades brasileiras, em todos os estados da<br />

federação. Para isso, fizemos um acordo entre o INCRA, o Conselho de Reitores das<br />

Universidades Brasileiras e a Um iversidade de Brasília, que coordenou a execução do<br />

trabalho. Os entrevistadores eram estudantes universitários e os supervisores eram<br />

professores universitários. Os outros coordenadores foram Danilo Nolasco (UNB) e Suely<br />

Rosa (Sociedade Brasileira de Sociologia Rural). O questionário básico era de formato<br />

eletrônico, hábil ao processamento à leitura ótica e processamento imediato. Questões<br />

fechadas, em sua quase totalidade. Foi uma grande novidade, à época, em pesquisas deste<br />

teor. Isso produziu um enorme debate metodológico, por parte de muitos especialistas<br />

renomados sobre a questão agrária. Fomos combatidos duramente, mas cumprimos a tarefa<br />

e fizemos a primeira e única auditoria real sobre o número, o tamanho e a composição<br />

familiar dos assentamentos do INCRA, bem como de sua produção. Pelo provável êxito<br />

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