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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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perdemos, para o Brizola. E toda a articulação que nós montamos ao longo da luta contra a<br />

ditadura. Ela foi derrotada ali, pela vitória do Brizola, que veio com outra gente, com outra<br />

orientação.<br />

O Lessa só chega ao governo agora, de verdade. O Lessa era do grupo não comunista,<br />

era do grupo dos liberais democratas avançados que fazia política com a gente.<br />

O movimento que vinha da ditadura aqui no Rio que era mais fraco do que em São Paulo.<br />

Em 1982, vem uma outra tribo. Darci Ribeiro tinha um antiintelectualismo de base. É só<br />

pegar a política que ele teve aqui com a FAPERG. A FAPERG foi para levar dinheiro para<br />

a Escola Pública. O CIEP, ele fez com o dinheiro da FAPERG. Está bem. É meritório,<br />

mas, há sempre esta inclinação diversa da que preponderou em São Paulo. O intelectual era<br />

ele, Darci, o resto não prestava. Eles podiam ter ganhado, e depois ter-nos incorporado um<br />

a um ou em blocos. Uma política generosa de absorção. Mas, não quiseram. Desde logo<br />

houve uma clivagem, que era a do popular contra a classe. Uma visão de classe e do<br />

popular. Um nacional popular, contra uma visão de classes, de sindicato, de organização.<br />

Foi o que me levou a São Paulo. Sindicatos, todas as instituições. Aqui no Rio, não. Venceu<br />

esta coisa que vinha do Getúlio, de certo modo, que era apropriada aqui, Esta era a visão do<br />

popular, que ainda persiste na visão do Mangabeira Unger. Esta recusa dos desorganizados<br />

(ou organizados?). Os desorganizados são privilegiados. Engraçado que é este o discurso do<br />

Lula hoje. Começa de um jeito e hoje o discurso dele é este. Os desorganizados são<br />

privilegiados e têm de ter espírito republicano para conter os apetites, ele disse logo depois<br />

da posso em uma reunião com os sindicatos. O Brasil é uma charada. É um labirinto. Ele<br />

avança em labirintos e querer interpretar isto de forma única não dá. E por isto mesmo que<br />

o tema da interpretação do Brasil é tão recorrente entre nós. Eu não creio que haja país,<br />

minha ignorância é grande, mas, eu vou ousar. Não creio que haja país que a todo o<br />

momento mobilize a sua inteligência para o máximo de interpretação cabal do Brasil. Não<br />

creio. Os outros países não ficam envolvidos nisto. Nem pensar. Peru faz isto? México faz<br />

isto? Argentina faz isto. Está bem tem lá o negócio do Otávio Paz, mas, é como se o<br />

México já tivesse se interpretado a partir de Otávio Paz. Ninguém discute mais. No Brasil,<br />

a cada momento, cada geração que chega, chega com esta paixão. Eu também quero<br />

interpretar o Brasil, como se fosse fácil.<br />

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