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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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época, muito influente. Articulado com o Rio Grande do Sul, sobretudo com o Rio Grande<br />

do Sul que organizava debates para a Assembléia Legislativa, e em outros lugares para<br />

centenas de pessoas. Coisa que não se fazia em São Paulo, e no Rio de janeiro, nem pensar.<br />

Porque inclusive no Rio não tinha a Universidade, não tinham as liberdades e não tinham as<br />

possibilidades de se fazer isto.<br />

E no Rio Grande do Sul estavam ancorados a uma Universidade?<br />

Não. Era mais a Assembléia. Nessa época eu estou fazendo a tese e, mais uma vez, o<br />

Estevão entra na minha vida. Werneck tem uma vaga lá em Campinas, e você vai fazer<br />

concurso. Topa? Topo. Fiz o concurso para Campinas e comecei a dar aula lá em 1975, no<br />

Instituto de Sociologia.. E aí começou outra historinha, em 1975, foi a segunda que eu tive<br />

que enfrentar com a repressão. Eu soube que um rapaz que fez nosso passaporte para a<br />

União Soviética em 74 tinha sido preso. Se eu ficar, é para falar. Mas, não posso falar.<br />

Corri. Mais uma vez, o Procópio e o Fernando me seguraram. Eu fiquei sediado alguns<br />

dias, não me lembro quantos, na Fazenda do Severo Gomes, atrás da Fábrica Paraíba, São<br />

José dos Campos, tomando whisky doze anos, com o Clemente, irmão do Severo espantado,<br />

porque, embora eu fosse comunista, eu sabia segurar os talheres (ele dizia isto). Eu tinha<br />

um blazer muito bem feito, ele olhava e dizia, mas, que coisa maravilhosa. Eu o tinha<br />

comprado em Veneza. O Severo conseguiu uma apresentação minha na Segunda Região<br />

Militar, perto do Ibirapuera, Tutoia. Disse-me que se eu fosse lá, não ia me acontecer nada<br />

.E o Fernando dizendo vai, e o Procópio dizendo vai não vai acontecer. O Severo era<br />

ministro. Eu fui, de manhã. Primeira pergunta, não dava para responder. Segunda pergunta,<br />

não dava para responder. A terceira, muito menos. Isto tudo na Delegacia. Antes eu passei<br />

pelo Quartel, do quartel eles me levaram para a Delegacia. No quartel deixei minha<br />

carteira de identidade. Aí o cara disse, bom você vai comer uma feijoada, e volta aqui às<br />

duas horas da tarde. Eu pensei, o cara vai lá falar para o chefe. Porque eu vim aqui, mas,<br />

não vou cooperar coisa nenhuma, o que se faz com um cara destes? Eu peguei um carro e<br />

vim para o Rio de Janeiro. Larguei tudo. Vim com sete páginas da tese e uma sacola de<br />

livro, os que eu pude trazer. Fui para a casa de um amigo. Eu conto neste prefácio a edição<br />

da FMG do Liberalismo (?). Vim para a casa do Paulo Pontos, que morava com a Bibi. Ele<br />

tinha, no escritório, onde trabalhava, uma porta falsa. Velada, protegida. A partir dali tinhase<br />

acesso a um pequeno apartamento, um quarto amplo, um banheiro, onde entrava um,<br />

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