18.04.2013 Views

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Como é que você explica isto? Por características pessoais ou alguma realidade<br />

sociológica?<br />

Não eu acho que tem a ver com a situação institucional, com USP mesmo, a força que a<br />

USP dava a eles. Uma coisa que me impressionava é que em plena ditadura o Estadão fazia<br />

um editorial a favor da reivindicação salarial do professor. Os franceses, havia esta<br />

articulação que no Rio não havia. Outra coisa que me impressionou em São Paulo. Quando<br />

fui aceito pelo CEBRAP, e comecei a freqüentar, o Fernando me protegeu. Ele precisava de<br />

mim para fazer contraponto à esquerda do CEBRAP, porque nós dois tínhamos afinidades,<br />

estávamos no interior do mesmo campo. Mas, o Fernando ainda estava chegando. Ele era<br />

um recém-chegado a este campo, porque em 1970 ele votou nulo, e a rede de proteção do<br />

Fernando até então, era a rede dos estudantes que tinham ido para a luta armada. Ele e o<br />

Wefort. No debate da época, a esquerda era o Wefort. O Fernando percebeu que eu podia<br />

fazer o contraponto com a esquerda do CEBRAP. E eu fazia o tempo todo.<br />

Era Partido Comunista contra luta armada; era o povo organizado contra o povo<br />

armado.<br />

E, sobretudo, é possível derrotar a ditadura..<br />

Era possível derrotar a ditadura por via política e não por via armada?<br />

É. Depois, entraram o MDB, os partidos políticos participaram das eleições. E a partir de<br />

74, o Ulisses arma um grande lance. Eu vi o dia em que o Ulisses entrou no Senado para<br />

conversar com o Fernando. Eu estava lá. Foi antes das eleições. Isto é, mobiliza a<br />

inteligência de São Paulo, que naquele momento era central no país, para a atividade<br />

política eleitoral. Isto foi decisivo. Quando se organiza o Programa do MDB para as<br />

eleições de 74, havia um livrinho vermelho que eu não tenho mais, emprestei ao David<br />

Capistrano e ele não me devolveu. Foi uma comissão que o Ulisses e o Tancredo pediram<br />

para o Fernando montar, para fazer um documento. A comissão foi: Fernando Henrique,<br />

Weffort, Francisco de Oliveira, eu, o Singer, talvez. Fizemos este livrinho e fomos<br />

chamados para uma conversa em Brasília na casa do Amaral Peixoto. O Tancredo pegou o<br />

documento e disse está ótimo. Eles não tinham lido. Eles queriam era aquele encontro entre<br />

intelectuais e a direção do MDB. Bom, esta brincadeira terminou com o Fernando Henrique<br />

(?). Foi aí que ele foi pego por cima, como dirigente de um movimento intelectual, na<br />

122

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!