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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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interdisciplinar. Na época, a História se caracterizava por uma abordagem eminentemente factual,<br />

e a alternativa a isto era basicamente o marxismo. Eu ainda trabalhava com o marxismo, mas<br />

cada vez mais interessado em participar de um diálogo com a tradição das Ciências Sociais.<br />

Quando me deparei, no final de 71, com a chamada História Social, tive, evidentemente, um<br />

deslumbramento. De fato, as obras de autores como Marc Bloch, Georges Duby e Jean-Pierre<br />

Vernant eram exatamente o que estava procurando, adotei seus livros como referência e fui<br />

fazendo o curso, sempre conversando muito com os professores, tentando assimilar boa parte de<br />

suas reflexões e explorar a interface entre História e Ciências Sociais. Por sorte, como se vê,<br />

encontrei, no Departamento de História da PUC a abordagem que mais me interessava.<br />

Quando você começou o mestrado foi para o Museu Nacional.<br />

Exatamente, prestei exame para o Museu no segundo semestre de 74 e iniciei o mestrado em<br />

março de 75, junto com a carreira de professor, pois as minhas aulas na PUC começaram na<br />

mesma semana que os meus cursos no Museu.<br />

No Museu Nacional, com quem foi trabalhar? Qual era a sua temática?<br />

Eu tinha enorme interesse em Antropologia, mas também em História Social e, por predileção,<br />

lia sobretudo trabalhos na áreas de História Antiga e Medieval, que eram as áreas mais próximas<br />

da tradição da antropologia. Quando cheguei no Museu, ali se iniciava, ao lado dos debates<br />

clássicos da Antropologia, uma preocupação com o que veio a ser chamado de Antropologia das<br />

Sociedades Complexas. Acrescentou-se, assim, outra dimensão aos meus interesses. Destacaria<br />

particularmente, neste contexto, a contribuição feita por Gilberto Velho, que já vinha desde há<br />

algum tempo trabalhando na área de Antropologia Urbana –que, no meu caso, foi uma espécie de<br />

ponto de partida para uma Antropologia das Sociedades Complexas-, área em que vários textos<br />

importantes estavam sendo publicados. Surgiu, enfim, a possibilidade de se utilizar o<br />

instrumental clássico da Antropologia, e mesmo da História, para pensar o cotidiano, o que me<br />

deixou fascinado. Por sua vez, Roberto DaMatta, que na época vinha de uma carreira muito bem<br />

sucedida como especialista em sociedades indígenas, interessava-se cada vez mais em trabalhar<br />

com Sociedades Complexas, no caminho que o levou, mais adiante, a publicar Carnavais,<br />

Malandros e Heróis. Formou-se, por conseguinte, uma comunidade de interesses, compartilhados<br />

por alguns alunos e professores. Minha dissertação foi orientada pelo Gilberto, e terminei me<br />

decidindo por estudar o futebol como uma profissão, do ponto de vista de uma antropologia das<br />

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