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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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considerado do trabalho, fui guindado à direção do DATAUnB (1997), pelo reitor da<br />

Universidade de Brasília na época, professor João Cláudio Todorov, onde permaneci até a<br />

vinda para a coordenação da cooperação internacional da CAPES, em 2004. No DATAUnB<br />

fizemos muitos trabalhos de grande fôlego empírico, como a primeira avaliação da Bolsa<br />

Escola Federal, na gestão de Paulo Renato Souza no MEC, trabalho que foi finalizado já no<br />

atual governo (maio de 2004).<br />

No seu texto, “Estado, a Nova Esquerda e o Neo-corporativismo”, você afirma que o<br />

pensamento gramsciano tem uma grande atualidade, assim como a social-democracia,<br />

especialmente a italiana, e que é necessário recuperar a articulação entre a política e a<br />

moralidade, a partir da visão deste Autor. Desenvolva esta idéia.<br />

De certa forma, a idéia da política como representação e na sua relação com a ética e a<br />

moralidade foi apropriada de modo utilitarista pela Ciência Política vigente. Justificam-se<br />

certas posturas políticas pela sua utilidade, não pelo seu valor intrínseco. Diz-se que os fins<br />

justificam os meios; a estratégia justifica uma tática que talvez não seja defensável por<br />

padrões eticamente aceitáveis, etc. Acredito que se a política abdicar de preservar a relação<br />

entre representação, moralidade e ética perde o sentido como campo de trabalho, de estudo,<br />

de práticas sociais. Acredito, também, que devemos a Gramsci a constatação de que este é<br />

um processo de construção social, coletivo. É resultante de relações sociais, que são<br />

atravessadas por conflitos e implicam em luta por hegemonia de valores determinados,<br />

escolhidos. No texto aludido, o que me preocupava muito é que a política e sua análise<br />

estavam sendo apropriadas por um utilitarismo imanente, que não está exposto. Fora deste<br />

círculo, a política se transforma em administração das coisas, grosso modo. Não é mais a<br />

Ciência Política que apreendemos dos clássicos. O texto nasceu de uma polêmica, na<br />

conjuntura da chamada Mini Constituinte, ainda nos anos 1990. Nelson Jobim, então<br />

deputado federal e o ex-Ministro Bernardo Cabral, tentaram fazer a Mini Constituinte.<br />

Participei de um debate na UNB, quando um convidado afirmou que na verdade a política<br />

atual abriga um conceito de democracia que resulta da disputa entre os interesse agregados<br />

pelas corporações. Um absurdo, típico de nossas pobres elaborações teóricas! Aí, diante de<br />

tal pomposa e interesseira afirmação, declarei que estava ao lado de Jobim, Marco Maciel e<br />

outros, pois esse raciocínio não levaria a nenhum aperfeiçoamento do regime democrático<br />

brasileiro. Essa foi uma discussão fragmentada, pois o corporativismo é uma forma clássica<br />

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