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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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F<strong>GV</strong>-EAESP/<strong>GV</strong>PESQUISA 8/399<br />

(...) É a totalidade do argumento, do silogismo ao sarcasmo.Tudo o que se move sem<br />

violência é persuasão, o âmbito da retórica,,,,”(McCloskey, 1994:16-17).<br />

Assim, o que se questiona é se o intelectual fala retoricamente, pois a linguagem não<br />

é um empreendimento solitário. Ele não fala no vazio, para si mesmo, fala para uma<br />

comunidade de vozes. Deseja que as pessoas o tenham em conta, que seja ouvido, imitado,<br />

que se publique seu trabalho, que lhe rendam homenagens e que lhe concedam prêmios. Os<br />

meios que ele utiliza para isso são os recursos da linguagem. A retórica é uma adequação<br />

dos meios aos desejos da conversação. O que está em questão é a erudição, não só a<br />

Sociologia ou a adequação da teoria sociológica como uma descrição da realidade, nem<br />

mesmo o papel do sociólogo no quadro das ciências sociais. O tema é a conversação que os<br />

sociólogos mantêm entre si com o fim de convencer-se mutuamente.<br />

Essas particularidades são bastante perceptíveis nos que fazem análise sociológica<br />

ou que produzem ensaios de teoria sociológica. Assim, um tema subjacente à leitura das<br />

entrevistas com os sociólogos brasileiros é a exploração das divergências e dos problemas<br />

de comunicação na discussão de questões da Sociologia. Os profissionais entrevistados<br />

possuem experiências e pontos de vista muito diferentes sobre a realidade. Enfatizamos a<br />

percepção da variedade, da eloqüência dos argumentos e do papel do julgamento pessoal.<br />

Tentamos verificamos como falam sobre si mesmos e sobre os outros sociólogos. Conhecer<br />

melhor o pensamento sociológico brasileiro requer compreender como os cientistas sociais<br />

conversam, como pensam, quais são suas crenças, valores, idiossincrasias, suas influências,<br />

suas vaidades, seus princípios explicativos e referências teóricas. Estes sociólogos<br />

vivenciaram episódios, adquiriram conhecimentos, desenvolveram idéias de formas<br />

específicas e peculiares. Tais processos, quando relevados, podem oferecer interessantes<br />

perspectivas para pesquisas sobre a história do pensamento sociológico brasileiro. Por isso,<br />

consideramos necessário recuperar o arsenal de experiências e conhecimentos que estes<br />

profissionais acumularam, o que é pouco estudado.<br />

Do ponto de vista metodológico, este trabalho se inscreve no âmbito da história oral,<br />

levando em conta que é bastante questionável a crítica de que a história oral seria subjetiva<br />

enquanto a história seriada seria objetiva. Mesmo os “documentos” exigem uma<br />

interpretação dos analistas, o que faz emergir sua subjetividade. Sem pretender subestimar<br />

R ELATÓRIO DE P ESQUISA Nº 11 /2008

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