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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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força ”imperialista”. Muito da explicação reside no fato de que nos furtamos de pensar<br />

teoricamente. Estamos tão comprometidas com a realidade que a teoria (sempre abstrata)<br />

nos parece supérflua. Acho muito difícil estimular a produção teórica, a reflexão teórica<br />

aqui, porque a pressão para ser relevante é muito grande. Eu sou a primeira a achar isto<br />

também. É muito complexa essa discussão. Acho que a ciência tem que ser relevante, senão<br />

é supérflua, banal. Mas, acho que a maneira de ser relevante não precisa ser tão imediata.<br />

Por que é Brasil tem esta vocação de tempos em tempos tentar reproduzir as<br />

interpretações de autores de outros países ?<br />

É, isto é curioso. Acho que tem um pouco a ver com a nossa trajetória de terceiro mundo.<br />

Acho que no terceiro mundo isto é uma coisa mais tentadora. Talvez, pela ambição. Se<br />

pensarmos nos países onde a Ciência Social se firmou originariamente, na Europa<br />

Ocidental, basicamente, as pessoas estavam refletindo sobre o que estava acontecendo.<br />

Aqui, o peso da herança colonial já é um dado diferente. Quer-se reverter tendências,<br />

projetar algo diferente. Acho que a idéia de o Estado não ser uma emergência da sociedade<br />

faz muita diferença. Quando se pensa na Europa, há um caso anômalo que é a Alemanha. E<br />

em parte por isso que há uma escola crítica alí e em outros lugares não há. É a constituição<br />

tardia do Estado alemão que explica muito isto.<br />

Isto permite entender a obra de Gramsci na Itália<br />

Exatamente. São dois casos de formação tardia do Estado nacional. .A Alemanha, a Itália e<br />

o Brasil têm a consciência de que o Estado Nacional é um projeto.<br />

Esta deliberada escolha da tradição pode ser vista como estruturante da modernidade no<br />

Japão?<br />

Certamente que é. É uma modernidade que faz um uso totalmente racional da tradição.<br />

Você acha que no Brasil não teria esta permanência da tradição na modernidade.<br />

Mas, em termos diferentes. Aliás, em todos os lugares a modernização preserva algo do<br />

tradicional. Mas, o que quero salientar aqui é que no caso do Brasil não se trata de<br />

preservar a tradição como um valor em si. A tradição como tal não é preservada aqui. O<br />

que tem de tradicional no Brasil é a defesa de interesses vigentes de longa data..<br />

Se a tradição serve para defender interesses, mantenhamos a tradição.<br />

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