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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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participação ativa na vida política. Ficou claro que tinha de fazer uma opção. Deixei o<br />

movimento de docentes e fui para aos Estados Unidos. Eu tinha estado em Nova York por<br />

quatro meses em 1979, num grupo de estudos da The City University, dirigido por Eric<br />

Wolf. A cidade encantou-me e eu me sentia maduro para tentar uma experiência distinta da<br />

francesa. Fiquei oito meses na universidade da Columbia e quatro meses em Notre Dame,<br />

no interior do estado de Indiana.<br />

Fale um pouco de sua relação com a América Latina.<br />

Ela é tardia, embora meus primeiros cursos em Louvain tivessem como objeto a América<br />

Latina. Na verdade, conhecia mal o continente. A relação se estreitou no final dos anos 80,<br />

quando recebi alguns convites de colegas latino-americanos. Nestor Garcia Canclini,<br />

levou-me ao México para falar de meus trabalhos. Na Escola Autônoma de Antropologia,<br />

em 1986, dei um curso sobre Bourdieu. Depois, um pouco em função da publicação de A<br />

Moderna Tradição Brasileira, fui convidado por Jesus Martin Barbero para ir à Colômbia<br />

participar de grupos de discussão de pesquisadores que se dedicavam ao tema da cultura.<br />

No início, foi uma relação descontinua, mas ela se intensificou na década de 90, quando<br />

comecei a trabalhar a problemática da mundialização. Passei a dar palestras em diversos<br />

lugares, e vários textos meus, artigos e livros, foram traduzidos. Ao longo dos 90 passei a<br />

ter, não apenas um diálogo, mas, uma forte relação com a América Latina. Aprendi<br />

inclusive a falar espanhol, o que não fazia antes. Construi assim uma relação duradoura,<br />

que permitiu-me sair desta ilusão coletiva de que nós brasileiros nada teríamos de latinoamericanos.<br />

Quais os pontos de convergência e divergência de sua produção em relação ao tema<br />

Cultura em confronto com outros pensadores brasileiros que pensaram o tema?”<br />

Eu iniciei tomando um tema “clássico” das Ciências Sociais brasileiras, a religiosidade<br />

popular, mas, no caso da Umbanda, havia uma especificidade, tratava-se de uma religião<br />

que se autodefinia como sendo brasileira. Tive assim de enfrentar diferentes níveis de<br />

problemas: Religiosidade; Cultura Popular; e Identidade. No livro A Morte Branca do<br />

Feiticeiro Negro minha intenção foi entender como uma religião constrói a sua identidade,<br />

contrapondo-se à outras como o catolicismo ou o espiritismo kardecista. Portanto, a<br />

discussão sobre identidade cultural era parte de minha problemática, embora, ainda não se<br />

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