18.04.2013 Views

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

de religião, os outros acabaram se envolvendo com Candomblé. Com isto começa meu<br />

primeiro romance que é inteiramente ficcional, que é um romance policial. Como eu disse,<br />

nunca escolhi nada para fazer. Eu nunca saí por aí procurando. Eu fui escolhido. As coisas<br />

foram acontecendo!<br />

Conforme você está contando, me parece tudo muito natural.<br />

Eu me lembro ter dito uma vez ao Juarez Brandão, quando o CEBRAP era na rua Bahia,<br />

que um dia escreveria um romance. Ele ficou horrorizado dizendo: Não! De jeito nenhum!<br />

O trabalho do Sociólogo é a pesquisa de verdade. Mas, eu também achava que estava<br />

brincando. Nunca me ocorreu que pudesse realmente escrever um romance. Acontece que<br />

eu tenho uma experiência de ter passado, durante trinta anos, por muita mudança de tema,<br />

de paradigma, de metodologia. E, sobretudo, na questão da teoria, eu me sinto muito pouco<br />

à vontade. Mas se lermos os originais deste meu romance, percebe-se no fundo que eu<br />

estou aproveitando minha experiência de pesquisa, os temas que discuto nos meus trabalhos<br />

sobre a questão da herança africana, o sincretismo, o preconceito racial, o mercado<br />

religioso, a disputa religiosa..<br />

O grande romance policial quase sempre coloca em questão a sociedade. É o que você<br />

está fazendo?<br />

Eu ainda não sei avaliar o livro porque ainda ninguém leu. A Heloisa, minha editora, está<br />

lendo agora. Um livreiro da Praia Grande já leu. Eu já li uma vez, depois que terminei.<br />

Então eu não sei ainda, de repente, o livro está sociológico demais e vou ter que mudar.<br />

Mas, é uma coisa sempre levando a outra. Há sempre uma seqüência entre as coisas. Eu até<br />

admiro alguns colegas que passaram a vida inteira em cima de uma coisa só. Eu nunca<br />

consegui isto, porque a vida nunca me deixou. Algumas coisas não deram muito certo.<br />

Acho que a experiência de trabalhar com o mundo rural não deu muito certo porque quando<br />

acabou, acabou. Mas, acho que foi uma experiência interessante.<br />

Eu leio os seus textos sobre religiões africanas encontrando por trás uma pergunta:<br />

quais são as mudanças no mundo urbano, e no mundo em geral, que levam a esta<br />

transformação. Estou certa?<br />

Você se lembra quando eu disse que, quando me interessei pelo Candomblé tinha esta<br />

pergunta: o que está errado?A teoria está errada ou a realidade? O que mudou? A teoria?<br />

286

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!