O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina
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... Terra aon<strong>de</strong> a cultura dos Açores se enlaça com a dos índios carijós, <strong>de</strong>sbancando a dos<br />
doutores, enraizando a nossa voz. Tem terno <strong>de</strong> reis, benzeduras, pau <strong>de</strong> fita, superstição,<br />
beiju, cuzcuz, rapadura, farra do boi, boi <strong>de</strong> mamão; tem ban<strong>de</strong>iras e estandartes, tem cuícas e<br />
tamborins, tem tantas obras <strong>de</strong> arte como tantos são os querubins; a fala e também a escrita,<br />
são meios <strong>de</strong> comunicação, porém o estandarte e a ban<strong>de</strong>ira, das mensagens são a expressão.<br />
(leitura <strong>de</strong> uma estudante <strong>de</strong> Tijucas durante a Missa Festiva em que se encontram os grupos<br />
<strong>de</strong> ban<strong>de</strong>iras do Divino do litoral)(sublinhado meu).<br />
Um publicação bilíngüe sobre a Ilha, <strong>de</strong>stinada a turistas estrangeiros, arrola um leque<br />
<strong>de</strong> tradições atribuídas aos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> açorianos, algo inimaginável anos antes, quando<br />
se falava em “rota da natureza”:<br />
More than accent, the architecture and the crafts, the <strong>de</strong>scendants of the Azores<br />
maintain alive the traditions that preserve the soul of their culture. They are found in<br />
the Festa do Divino, and the Ternos <strong>de</strong> Reis religious rituals, the Boi <strong>de</strong> Mamão<br />
theatrical dance, the superstitions and the belief in witchcraft and boitatá, a<br />
mythological creature that spits fire from its eyes. In the communities in the interior<br />
of <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> Island, in the food, the manioc flour mills, the healing remedies,<br />
the charms of the healers against the evil eye, and in the fishermens´s tales, it is still<br />
possible to hear the echoes of another time, of another island, one the is certainly<br />
Portuguese. (KAIZER, 2000) (sublinhado meu)<br />
Estado, lê-se:<br />
Por fim, no texto que justifica o projeto <strong>de</strong> lei que instituiu o dia da cultura açoriana no<br />
O projeto tem por objetivo valorizar a cultura dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> açorianos em<br />
<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, porque este povo foi o gran<strong>de</strong> responsável pela colonização,<br />
organização social e política do Estado, a partir dos municípios situados ao longo da<br />
faixa litorânea. As festas e folias <strong>de</strong> ternos <strong>de</strong> reis, as danças, as rendas, o artesanato,<br />
e outras formas <strong>de</strong> manter viva a tradição açoriana não po<strong>de</strong>m ser per<strong>de</strong>r com o<br />
tempo e por isso, os po<strong>de</strong>res constituídos <strong>de</strong>vem incentivar (...) esses eventos e<br />
outras manifestações que lembrem as tradições do povo dos Açores, um dos<br />
principais formadores da nação catarinense. (Lei n. 12.292, <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002)<br />
(sublinhado meu)<br />
Agora bem, se fossemos investigar a autenticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>stas<br />
manifestações divulgadas como parte do acervo cultural das tradições açorianas em <strong>Santa</strong><br />
<strong>Catarina</strong>, entraríamos em polemicas intermináveis sobre a origem e a pureza histórica das<br />
mesmas. São esforços que, por vezes se per<strong>de</strong>m no tempo, apontando para concepções<br />
“marmóreas” <strong>de</strong> cultura sujeitas a uma historia concebida como busca pelo prístino. Estas<br />
açoriano – O que vimos, ouvimos e , sentimos na terra <strong>de</strong> nossas raízes (Florianópolis, <strong>de</strong>z/2001-mar/2002); e<br />
festas anuais municipais <strong>de</strong>rivadas do AÇOR, como a AçorFesta <strong>de</strong> São José e a AçorPen <strong>de</strong> Penha.